Gabinete de Israel se reúne nesta sexta-feira para votar cessar-fogo após acordo sobre reféns
Netanyahu faz pactos com a extrema-direita que comprometem o fim definitivo da guerra

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ordenou que o Gabinete de Segurança de seu governo se reúna nesta sexta-feira à tarde para votar o cessar-fogo em Gaza. Ele informou que os negociadores em Doha chegaram a “um acordo para a libertação dos reféns”.
A reunião deveria ter ocorrido quinta-feira (16/01), mas foi adiada sob a alegação de que o Hamas buscava “extorquir” concessões de última hora. A suposta divergência estaria relacionada ao Hamas exigir a inclusão de determinados nomes na lista de prisioneiros que seriam libertados. O Hamas negou e Israel não apresentou nenhuma evidência disso.
O que ficou explícito foi a forte oposição de alguns membros do gabinete do governo israelense ao fim da guerra. Os ministros da linha-dura do governo israelense, que dizem que a guerra ainda não atingiu seu objetivo de acabar com o Hamas, tentam impedir o acordo.
Pacto com radicais deve impedir paz duradoura
Para evitar sua saída da coalizão de governo, Netanyahu fez um acordo que deve impedir que o cessar-fogo seja duradouro.
Não ficou claro se haveria algum atraso no início do cessar-fogo, inicialmente previsto para começar domingo (19/01). É um ponto importante considerando que os bombardeios israelenses se intensificaram deste o anúncio do cessar-fogo, matando ao menos 86 palestinos, enquanto eles comemoravam o acordo.
Foi o que informou o jornal The Times of Israelsobre uma reunião do primeiro-ministro com seu ultradireitista ministro das Finanças,Bezalel Smotrich.
Eles entraram em acordo sobre exigência do ministro de extrema direita de que Israel retome a luta contra o Hamas em Gaza após um cessar-fogo temporário e sobre o controle da entrada de ajuda humanitária no enclave.
Risco de novos adiamentos
E a reunião do gabinete corre o risco de sofrer novos adiamentos. Segundo o Times of Israel, os opositores do cessar-fogo devem ter 24 horas para fazer uma petição ao Tribunal Superior de Justiça. Como muitos não podem manter atividades sábado por motivos religiosos, a reunião acabaria adiada para domingo.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump voltou a pressionar quinta-feira para que o acordo fosse fechado. “É melhor ser feito antes de eu tomar posse”, disse, lembrando que isso ocorre nesta quinta-feira.
Os países do G7 também se pronunciaram sexta-feira dizendo que endossam totalmente o acordo de cessar-fogo e pediram ao Irã que evite novos ataques a Israel, relata a Reuters.
Mais pressão pelo Fim da Guerra
Quinta-feira (16/01) à noite, centenas de pessoas compareceram a um protesto pró-palestino na Times Square de Nova York. Vários eram membros da comunidade judaica ortodoxa que levavam cartazes com frases como: “Israel é responsável por 76 anos de trágico derramamento de sangue de árabes e judeus”.
A expectativa é de que a fase inicial do acordo – cessar-fogo de seis semanas e troca de prisioneiros — se concretize rapidamente. Sobre a segunda fase, que senta as bases de um fim definitivo do conflito, há mais ceticismo.