Luta por mais direitos leva 100 mil mulheres à Marcha das Margaridas

A Marcha das Margaridas é a maior ação política de mulheres da América Latina. Caravanas vieram dos estados mais longínquos, em viagens que duraram dias

A Marcha das Margaridas chegou a sua sétima edição com muito entusiasmo e alegria e levou cerca de 100 mil mulheres à capital federal nesta terça-feira (15). São mulheres oriundas de Norte a Sul do Brasil, além de representantes de 33 países que se encontram em Brasília para debater e exigir mais direitos.

A maior ação política que reúne mulheres da América Latina é coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), federações e sindicatos filiados; organizações parceiras, movimentos sociais e partidos políticos que apresentam nesta edição, reivindicações que foram distribuídas em 13 eixos políticos e serão debatidas ao longo do evento.

A 7ª Marcha das Margaridas – pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver – reúne participantes em sua maioria, trabalhadoras do campo e das cidades, como agricultoras, artesãs, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra e moradoras das comunidades.

O Parque da Cidade recebe inúmeras tendas e estandes espalhados por seus pavilhões onde os participantes contam com serviços, atrações culturais, debates, palestras, reuniões e exposição de produtos das cooperativas de mulheres, como alimentos e artesanatos.

O intuito do evento que teve sua primeira edição no ano 2000 é construir um caminho para um projeto de sociedade sem violência, onde a democracia e a soberania popular sejam respeitadas, a partir de relações justas e igualitárias, com valores éticos, de solidariedade, reciprocidade, justiça e respeito à natureza.

Participantes da Marcha da Margarida chegam ao Parque da Cidade. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Na organização deste encontro, a presidenta da União Brasileira de Mulheres (UBM), Vanja Andrea Santos, disse em entrevista ao Portal Vermelho que a sua impressão neste primeiro dia é de muita alegria e esperança.

“O que me chama atenção é a alegria contagiante dessas mulheres por se reencontrarem e verem que neste Brasil tem tantas outras mulheres que lutam por um país mais justo, para todos e todas”, afirmou Vanja.

O último encontro presencial da Marcha aconteceu em 2019, sob o governo Bolsonaro.  Segundo Vanja, a edição deste ano conta com “o ânimo por conquistas, muito tempo contidas”, e que afloram agora.

Mulheres brasileiras do campo, da floresta, das águas e das cidades, além de representantes de 33 países, acampadas no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a 7ª Marcha das Margaridas. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O público que chega a Brasília é reconhecido pelas vestimentas alegres, camisetas nas cores rosa e lilás, com chapéus de palha e flores nas cabeças. “Essa variação de tons femininos é uma forma de dizer que traz a Marcha traz consigo as cores da luta das mulheres e as unifica na participação e na presença aqui”, diz Vanja.

A dirigente ressaltou ainda que essa força e alegria das mulheres que participam da Marcha “fazem acreditar que podemos avançar muito mais rápido e muito mais longe; agora, com um governo popular e democrático, é fundamental consolidar algumas conquistas”, acredita a dirigente.

Na fila de entrada do pavilhão central, Gracielli Silva, de 33 anos, conversou com o Portal Vermelho. Contou que veio do interior de Rondônia com mais 500 mulheres em 11 ônibus. É a primeira vez que ela participa do evento, mas disse que sua sogra e outros familiares vieram em outros anos e foi muito importante o aprendizado.

A sua expectativa é obter conhecimento sobre programas de financiamento rural, informações sobre a previdência rural e também sobre moradias para quem trabalha no campo. “Foram cortados muitos benefícios nestes últimos quatro anos e a gente depende muito de auxilio”, disse. “Os financiamentos, principalmente, que ajudam muito a gente para se manter no trabalho durante o ano”, explicou.

As agricultoras Geani, Conceição e Eurides (imagens abaixo) contaram que saíram no domingo (13) da cidade de Paço do Lumiar, no Maranhão, pela primeira vez rumo a Brasília, junto às demais companheiras do Sindicato dos Trabalhadores do Campo do município, filiado a Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores do Maranhão (Fetaema) e que suas expectativas para o encontro são as melhores: “aprender, conhecer e lutar pelos nossos direitos”, destacaram.

As atividades da Marcha que se iniciaram ontem contam com dois grandes debates e a abertura oficial com um ato político na presença de lideranças e autoridades, como o vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros representando o governo Lula. Nesta quarta feira (16), às 7 horas, as mulheres seguem em Marcha para o Congresso Nacional e Palácio do Planalto, onde serão recepcionadas pelo presidente Lula.

Do Portal Vermelho

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