MEC entrega BNCC do ensino médio; pressão é necessária para não legitimar retrocessos
Mais uma vez sem qualquer debate com a sociedade e desconsiderando o que já havia sido discutido longamente pelas entidades educacionais, o Ministério da Educação entregou hoje (3) o texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino médio. A apresentação ocorreu na semana em que o ministro ilegítimo Mendonça Filho precisa se desincompatibilizar do cargo para concorrer às eleições de outubro.
A Contee fará uma análise aprofundada do documento, mas já é possível destacar alguns problemas. Um deles é aquele já apontado quando da apresentação da BNCC do ensino fundamental: o fato de os segmentos da educação básica terem sido tratados de forma dissociada. Outro é a previsão de que apenas as áreas de linguagens e matemática sejam oferecidas aos estudantes obrigatoriamente ao longo de todo o ensino médio, sendo as outras áreas distribuídas nos três anos a critério das redes de ensino. O destaque é justamente a aplicação das mudanças aprovadas com a reforma do ensino médio, cujos retrocessos — que incluem caráter privatista, excludente, de rebaixamento da formação e de desprofissionalização do magistério — a Confederação vem apontando desde a edição da medida provisória que lhe deu origem.
O documento, que pode ser baixado aqui, segue para a análise e debate no Conselho Nacional de Educação (CNE), incluindo, segundo o MEC, a última oportunidade de contribuição da sociedade. Se seguir o exemplo do que foi feito com a BNCC da educação infantil e do ensino fundamental, é provável que o governo golpista continue a ignorar sumariamente essas contribuições. É imprescindível, portanto, a pressão das entidades defensoras da educação para que os retrocessos não sejam legitimados.
Por Táscia Souza