Mulheres debatem empoderamento feminino em Seminário sobre Reforma Política

Debater o atual cenário de desigualdade enfrentado pelas mulheres brasileiras na esfera política. Esse foi o mote do Seminário sobre “Reforma Política” organizado pelo Fórum de Mulheres das Centrais Sindicais, nesta sexta-feira (02), na Câmara Municipal de São Paulo.

A atividade faz parte da programação do “Março da Mulher”, em alusão ao dia 8 de março elaborada pelo Fórum, composto pelas CTB, CGTB, Força Sindical, NCST e UGT. A preocupação das centrais em debater o tema vem do fato de que embora as mulheres tenham conquistado o direito ao voto no Brasil há 80 anos, esse fato não contribuiu para assegurar uma relação de igualdade na esfera política.

Mulheres na vanguarda

Na mesa de abertura, composta representantes das centrais, homens e mulheres destacaram a relevância da conscientização da sociedade, em especial à parcela feminina, na reversão das estatísticas que demonstram que, apesar dos avanços conquistados ao longo dos anos, as mulheres ainda permanecem em desvantagem quando se trata de ocupar os espaços de poder.

Atualmente a bancada feminina na Câmara representa apenas 8,77% do total da Casa, com 45 deputadas. No Senado, há 12 senadoras, entre os 81 lugares. Comparado com outros países o Brasil ocupa o 142º lugar.

Apesar das desvantagens, para o vereador Cláudio Prado (PDT-SP) as mulheres avançaram, e muito, mas a promessa para o século 21 é uma ação maior do que a realizada no passado. “O papel da mulher na atualidade demarca não só posicionamento político, mas uma nova forma de organização. A mulher hoje representa força e debate, tais qualidades garantem que essas guerreiras enfrentem qualquer obstáculo. Discutir reforma política em um ano eleitoral demonstra como elas não perdem tempo para a disputa, vão à luta e conquistam”, observou.

Disposição de luta reforçada pela secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, Raimunda Gomes, a Doquinha, uma das organizadoras do evento. “’Queremos e vamos caminhar lado a lado com os homens na luta na busca de uma sociedade justa e igualitária e a construção dessa sociedade passa pela necessidade da reforma política. Só não podemos ficar paradas, esperando que as coisas aconteçam. Temos que ir a luta e disposição é o que não nos falta”.

Doquinha também revelou que as mulheres das centrais neste ano se dirigirá especialmente aos homens para unificar forças. “Apresentaremos nossas pautas, convidaremos a debater conosco. Sensibilizaremos nossos companheiros para que incorporem nas pautas gerais nossas reivindicações. Vamos chamar os homens para essa luta. Por que esse não é um problema apenas das mulheres, mas sim de toda a sociedade”.

O Fórum construiu um documento que reivindica dos presidentes das centrais que as bandeiras levantadas pelas mulheres, especialmente a luta pela reforma política e aprovação dos Projetos de Lei da Igualdade, que tramitam no Senado e na Câmara Federal, sejam incluídas nas ações do 1° de maio.

Neste sentido, Joílson Cardoso, secretário de Política Sindical e Relações Institucionais da CTB, alertou que a sociedade não pode fechar os olhos para essa realidade de desigualdade. “O fato de o Brasil ter uma presidenta mulher não quer dizer que houve uma mudança na consciência machista presente na sociedade brasileira”, destacou.

O sindicalista lembrou ainda serão muitos os desafios a se enfrentar pela frente. “Se por um lado resolvemos o problema da fidelidade partidária, temos ainda que resolver duas questões de grandes. Primeiro sobre o financiamento de campanha nocivo para democracia brasileira e a sub-representação das mulheres”.

Sub-representação enfatizada por Muna Zeyn, chefe de gabinete e representante da deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) no seminário. “O processo eleitoral de 2012 se apresenta como um desafio, uma oportunidade de ampliar o número de mulheres no espaço de poder, e assim quem sabe ter em 2013 no mínimo 30% de representação política em São Paulo. É inconcebível ainda que existam municípios onde nunca houve representação feminina. Então, ocupar esses espaços torna-se questão chave para reverter hábitos históricos do nosso país”, afirmou.

O empoderamento feminino é fundamental

Para deputada estadual Janete Pietá (PT-SP), o avanço das mulheres ao longo das décadas é evidente, no entanto, ainda falta muito. “Ampliamos o número de mulheres eleitas, as organizações feministas estão mais fortes, as trabalhadoras ocupam os sindicatos, temos uma presidente, mas ainda carecemos de espaço. É uma vergonha constatar que no parlamento temos 48 mulheres frente a 513 homens. Precisamos reverter esse cenário”, frisou a parlamentar .

Para as representantes das centrais e parlamentares presentes no seminário, vontade para mudar essa realidade é o que não falta e a Reforma Política será a oportunidade para essa transformação, tão necessária para a democracia do país.

 

“Sabemos da dificuldade que teremos para realizar a reforma política que precisamos. Ela se dá de forma muito limitada. Precisamos de uma reforma, ampla e democrática, assegurando o pluralismo partidário e fortaleça os partidos políticos”, analisou Ana Martins, coordenadora da UBM e secretária da Mulher do PCdoB.

“Precisamos avançar e conquistar mais espaço de poder para as mulheres. Essa luta vem é travada a mais de um século e só com organização e participação que podemos obter novas conquistas. A luta só terá sucesso quando entendermos os objetivos pelos quais lutamos. Para tanto, os partidos têm um papel fundamental nessa jornada, entender e debater os programas torna-se uma ação essencial para a construção de nossa soberania”, encerrou o seminário Ana Martins.

Faz parte ainda do calendário de atividades, passeatas e atos políticos nas principais capitais brasileiras no dia 08 de março. Em São Paulo, a manifestação acontece na região central da cidade.

E para fechar o mês com “chave de ouro”, nos dias 30 e 31, as sindicalistas participam do 1º Encontro nacional da Mulher Trabalhadora da CTB, que visa a construção de uma agenda de luta para o próximo período, contendo ações pela aprovação dos PLs da Igualdade e a efetivação das propostas contidas no III Plano Nacional de Políticas para Mulheres, aprovada na 3ª Conferência Nacional, em dezembro de 2011.

Fonte: CTB

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