O Bem-Amado de Dias Gomes: a política de ontem e de hoje. Cuidado com os Odorico de plantão!
Leia o livro, veja trechos da novela, assista ao filme ou ao seriado antes de ir às urnas no próximo domingo! Os Odorico Paraguaçu da política brasileira estão soltos. Prepare-se para não eleger prefeitos e vereadores impostores!
A obra “O BEM-AMADO” é uma sátira política contundente e deve ser adotada como uma cartilha nas eleições. Embora escrita na década de 1960, ela se revela atemporal ao retratar a ambição exagerada e as maracutaias que permeiam o cenário político.
As falas e situações engraçadas de Odorico e de seus aliados ecoam de maneira alarmante as práticas políticas contemporâneas. A manipulação da opinião pública, a superficialidade nas promessas eleitorais e a busca por aprovação popular, mesmo que de maneira enganosa, fazem parte de uma realidade repugnante que se mantém acesa em nossos dias.
É uma comédia teatral que transcende seu contexto histórico, oferecendo uma sátira afiada sobre a política brasileira e as nuances da natureza humana.
Ambientada na fictícia cidade interiorana de “Sucupira”, o livro aborda a ascensão e a queda de um político corrupto, o prefeito Odorico Paraguaçu, que busca desesperadamente a construção de um cemitério para garantir sua imagem de sucesso.
Mergulhar nas artimanhas do protagonista Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira, é mergulhar na história do Brasil marcada pela elite do atraso, que não prioriza o coletivo, não admite perder o comando, despreza as minorias e alimenta o apartheid social. É adentrar na imensidão da política tradicional, imbuída dos jogos de interesses, dos costumes, da fé, da religião e da insanidade.
O discurso demagogo, as práticas assistencialistas e conservadoras, as mentiras absurdas, os desvios de verbas, entres outros atos imorais e desonestos do personagem de Dias Gomes, são atitudes de uma parcela significativa dos políticos brasileiros, espalhados nas pequenas e grandes cidades do nosso país.
Estamos em 2024 e percebe-se que está cheio de “Odorico” aplicando o pensamento: “os finalmentes justificam os não obstantes”. Vale tudo para construir um cemitério e cumprir uma promessa de campanha. Vale vender a alma ao diabo para ganhar ou se manter no poder.
Sem defuntos para inaugurar o seu grande feito, Odorico declarou: “o mal desta terra é que todo mundo é bom, pacato. Esse pacatismo é a nossa desgraça. Talvez seja a água… ou o azeite de dendê… deve ter alguma substância calmante, sei lá. O fato é que ninguém mata, ninguém morre e nós estamos há mais de um ano esperando um defunto para inaugurar o cemitério”. Odorico foi capaz das manobras mais espúrias para atingir o seu objetivo, no entanto o feitiço virou contra o feiticeiro…
É muito importante analisarmos com cautela o perfil dos(as) candidatos (as). Dia 06 de outubro está chegando e precisamos eleger aqueles que defendem os preceitos democráticos, que se posicionam contra as privatizações de empresas estratégicas à soberania nacional, que não medem esforços para assegurar a liberdade de expressão, a igualdade de gênero; que apoiam incondicionalmente a classe trabalhadora e abraçam as causas coletivas.
Com o seu humor ácido, Dias Gomes escancara a corrupção e a hipocrisia no exercício do poder e recomenda um engajamento cívico consciente. Lamentavelmente, os desmandos emplacados em Sucupira ressoam nos quatro cantos do Brasil. Escândalos políticos são recorrentes.
A produção literária nos alerta que a responsabilidade do eleitor ultrapassa a atitude do voto, deve ser complementada com a participação ativa na construção de uma sociedade mais justa e ética, fiscalizando e cobrando políticas públicas, entre outras ações, visando frear as práticas danosas.
O voto é um poderoso instrumento de mudança, e a conscientização sobre as propostas e as trajetórias dos (as)candidatos (as) é imprescindível para evitar a repetição dos erros do passado.
A obra nos instiga a indagar: estamos realmente informados sobre aqueles que queremos colocar no poder? A partir desse questionamento, nota-se a grande relevância de escolhas políticas embasadas, que priorizem a integridade e o compromisso com a sociedade.
“O BEM-AMADO” não é apenas uma crítica à política de seu tempo; é um enredo que se estende para o presente e futuro. Dias Gomes nos convoca a refletir sobre nosso papel como cidadãos e a importância de um voto consciente.
Antes de ir às urnas, no próximo domingo, que tal ler “O BEM–AMADO”, esse livro curto e emblemático, rever trechos da novela, do seriado ou assistir ao filme homônimo?
Os Odorico Paraguaçu da política brasileira estão de plantão propondo: “vamos esquecer os anteontem e pensar nos depois de amanhã”.
Prepare-se para não eleger prefeitos e vereadores impostores, que gostam do “jeitinho brasileiro”, da memória curta e preferem colocar de lado os “entretantos”, indo direto aos “finalmentes”, deixando o “pratrasmente” e partindo para o “prafrentemente” com o propósito de ludibriar os desavisados.
Enalteça a Constituição Cidadã, que neste sábado (5), véspera das eleições municipais completa 36 anos, escolhendo candidatos (as) comprometidos (as) com os direitos fundamentais: saúde, educação, trabalho e proteção ao meio ambiente… comprometidos com o bem comum e o fortalecimento da democracia. É chegada a hora de combater a necropolítica, ou seja, as políticas de morte no Brasil.
Por Romênia Mariani