Sinpro/RS: Cinco homens já foram presos pelo ataque à escola em Cambé, no Paraná

Um quinto elemento foi preso por suspeita de participação no ataque ao Colégio Estadual Helena Kolody, no dia 19 de junho e que resultou na morte de dois estudantes

Foi preso um quinto suspeito de participação no ataque a tiros no Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé, no Paraná. O tiroteio ocorreu no dia 19 de junho e resultou na morte de dois estudantes. Karoline Verri Alvez, de 17 anos, morreu na hora e seu namorado, Luan Augusto de 16 anos, alvejado na cabeça, chegou a ser levado ao Hospital Universitário de Londrina ainda com vida, mas não resistiu.

O autor dos disparos apareceu morto na cela que dividia com outro suspeito do ataque Casa de Custodia de Londrina um dia depois do crime. O atirador disse à polícia e ao seu advogado que não conhecia as vítimas e que “mirou nos mais altos e mais bonitos”. Em outra declaração, revelou que o ataque executado por ele foi “mentalizado” por outra pessoa.

O que se sabe sobre as prisões e os envolvidos no ataque

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Civil do Paraná (PCPR) prendeu um homem de 39 anos, morador de Rolândia, na manhã desta segunda-feira, 26, por envolvimento no ataque ao Colégio Helena Kolody no dia 19.

“Dentro dessa investigação também foram presos, além do autor, um homem de 35 anos e um homem de 21 anos, os dois de Rolândia, e um homem de 18 anos em Gravatá, no estado de Pernambuco. As investigações seguem em andamento. Assim que o inquérito for concluído e encaminhado ao Poder Judiciário, a PCPR vai apresentar a dinâmica dos fatos e o motivo das prisões”, completa a nota.

Relembre o caso:

  • No dia 19 de junho, pela manhã, um ex-aluno de 21 anos entra no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, alegando retirada de histórico escolar atira contra estudantes e resulta em duas mortes.
  • Ainda no dia 19 de junho executor dos tiros é preso em flagrante após ter sido imobilizado por um trabalhador de uma clínica próxima à escola. Outro rapaz de 21 anos é detido horas depois do crime.
  • Na madrugada do dia 20, o adolescente de 16 anos atingido na cabeça morre no hospital de Londrina, a dez quilômetros do ocorrido.
  • Na manhã de 20 de junho, o atirador é encontrado morto na cela em que estava preso com o outro suspeito na Casa de Custódia de Londrina.
  • No 21 de junho, um jovem de 18 anos, também suspeito de envolvimento com o crime é preso na cidade de Gravatá, em Pernambuco.
  • Em Rolândia, no dia 23 de junho, um homem de 35 anos é preso em Rolândia por suspeita de envolvimento no ataque.
  • No dia 26 de junho o quinto elemento suspeito de participação no ataque é preso, também em Rolândia.
    Volta à rotina após tragédia
  • Alunos do Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, retomaram a rotina escolar. As aulas haviam sido suspensas desde a última segunda- feira,19, quando ocorreu o ataque que resultou na morte de dois estudantes. Nesta semana, os alunos, professores e funcionários da escola serão atendidos por psicólogos e assistentes sociais, que farão escuta ativa a acolhimento especializado. O conteúdo didático será retomado gradualmente, ao longo dos próximos dias. As informações são do Governo do Paraná.

Na última semana, professores e funcionários já puderam conversar com a equipe de psicólogos e assistentes sociais. Eles também receberam orientações do plano de ação criado pela Secretaria da Educação (Seed-PR) após diálogo com a Secretaria Municipal de Saúde de Londrina, psicólogos da rede privada, Conselho Regional de Psicologia, Defensoria Pública e Universidade Estadual de Londrina.

Ingrid Ausec, psicóloga da Universidade Estadual de Londrina (UEL) é uma das profissionais designadas para realizar os atendimentos. “Neste momento inicial, é primordial disponibilizar suporte e acolhimento à comunidade escolar, com criação de espaços de fala aos estudantes e professores”, destaca.

Segundo Ingrid, tal acompanhamento deverá seguir pelas próximas semanas. “A ideia é acompanhar, também, os trabalhos em sala, auxiliando os professores na criação de estratégias para que os alunos possam falar sobre como se sentem em relação ao ocorrido”, ressalta.

O plano de ação inclui, ainda, um canal de comunicação entre alunos, pais, professores e equipe escolar, para que todos possam se apoiar no enfrentamento deste momento difícil, respeitando as diferentes manifestações de vivência do luto e o incentivo para que todos (estudantes e profissionais da escola) passem pelo atendimento dos psicólogos.

O colégio ainda programará palestras aos estudantes, professores, pais e profissionais da escola, com temas voltados para o processo de luto e reorganização da rotina escolar, e incluirá nas aulas temáticas voltadas para a paz — recomendação também válida aos demais colégios da rede estadual.

PRIMEIRO DIA – A direção da escola organizou um café da manhã de “boas-vindas” aos estudantes no primeiro dia de retorno às atividades. Segundo Paulo Dante, diretor da instituição, o momento é delicado em termos emocionais e pede porção redobrada de afeto para com a comunidade escolar. “Nós precisamos acolher esses estudantes para saber qual a situação deles em relação ao ocorrido e também para delinearmos os próximos passos a serem tomados a partir de agora. Sabemos que é um processo gradativo e vamos respeitar o cuidado que o momento demanda”, afirma.

APOIO PSICOLÓGICO – O Governo do Paraná anunciou que contratará cerca de 200 psicólogos nos próximos meses para atuar nos 32 Núcleos Regionais de Educação. Esses profissionais darão apoio aos diretores, professores e pedagogos, para que estes possam realizar o acolhimento de estudantes, lidar com situações como bullying e identificar casos que necessitem de encaminhamento para a Rede de Proteção, por exemplo.

Além disso, já estão em andamento dois projetos da Seed-PR voltados à saúde mental: um para profissionais da educação e outro para estudantes. Para os alunos o projeto é chamado de Escola Escuta, foi implementado desde o início deste ano letivo e propõe que todos os colégios da rede estadual tenham uma pessoa de referência para acolher estudantes que desejem conversar sobre questões emocionais ou dificuldades que estejam enfrentando.

As pessoas de referência (podem ser professores, pedagogos ou outros profissionais que atuem nas escolas) de todos os 2,1 mil colégios passaram por uma capacitação ministrada por um psicólogo consultor da Seed-PR.

O outro projeto, intitulado Bem Cuidar, é um aplicativo de telessaúde lançado em junho de 2022 e direcionado aos profissionais da educação. A plataforma, que oferece atendimento psicológico online e gratuito, foi criada pela Seed-PR em parceria com a Universidade Estadual de Londrina. Treze psicólogos e três residentes psiquiatras atendem via aplicativo.

TREINAMENTO DE SEGURANÇA – Também começou no dia 21 a segunda fase do curso de Capacitação em Segurança Escolar, oferecido aos monitores de segurança das escolas — eles podem ser professores, pedagogos ou funcionários. A orientação é ministrada pelo Batalhão da Patrulha Escolar Comunitária (BPEC) e tem o objetivo de capacitar os profissionais em relação aos protocolos de prevenção contra casos de violência.

Os monitores assistiram a palestras e realizaram simulados de ações de segurança em treinamentos contra ataques a escolas. A previsão é que 14 mil funcionários participem do curso até outubro. Entre abril e maio, todos os diretores dos 2,1 mil colégios já passaram pela capacitação.

Terceiro ataque de 2023 já contabiliza sete mortos
O tiroteio no Colégio Estadual Professora Helena Kolody é o mais recente de um total de três ataques com mortes contabilizados em escolas brasileiras este ano. Desde janeiro, pelo menos sete pessoas morreram em razão de atos violentos praticados em colégios no país.

Entre 2002 e 2023 ocorreram 32 ataques com violência a escolas no Brasil. Mais da metade foram realizados a partir de 2018. A maioria das vítimas são mulheres.

Denúncias

O Disque 100 recebe denúncias de ameaças de ataques a escolas. As informações podem ser feitas por WhatsApp, pelo número (61) 99611-0100. O Ministério da Justiça e Segurança Pública também dispõe de um canal para receber denúncias de violência escolar. Informações sobre ameaças de ataques podem ser feitas ao canal Escola Segura.

As informações enviadas ao canal serão mantidas sob sigilo e não há identificação do denunciante.

Do jornal Extra Classe, do Sinpro/RS

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