4° Seminário Unificado de Imprensa Sindical discute o jornalismo feito pelas entidades

O coordenador da Secretaria de Comunicação Social da Contee, Alan Francisco de Carvalho, e a jornalista e assessora de comunicação da Confederação, Táscia Souza, participaram hoje (14) do segundo dia do 4° Seminário Unificado de Imprensa Sindical, em Curitiba, no Paraná. Depois de uma quinta-feira dedicada inteiramente a questões mais políticas — seja com relação à conjuntura atual seja no âmbito específico da luta pela democratização da educação —, esta sexta foi marcada pela discussão e o aprendizado acerca de questões mais técnicas do jornalismo sindical: o fazer jornalístico em si, o uso de imagem e o trabalho com novas mídias.

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Isso não significa que a política não fez parte do debate. Ao contrário, com participação de Gustavo Erwin Kuss (da coordenação da Frente Brasil Popular), Leonildo Monteiro (da coordenação do Movimento Nacional Fala Rua), Fernando Marcelino (do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e Nádia Brixner (diretora da APP-Sindicato), o dia começou com uma acalorada discussão sobre a Lei Antiterrorismo e a criminalização dos movimentos sociais. O destaque foi o depoimento dado por Nádia sobre o 29 de abril de 2015, dia do massacre cometido pelo governo do Paraná contra os professores do estado. “O governo nos tratou como terroristas. E não havia uma Lei Antiterrorismo naquela época. Hoje é muito pior.”

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“Fazemos jornalismo sindical?” 

A pergunta acima foi o principal questionamento deste segundo dia de seminário. De acordo com o jornalista Guilherme Carvalho, doutor em Sociologia e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, o jornalismo sindical não está fora da crise do jornalismo como um todo neste período pós-industrial. Uma crise que, se nos sindicatos, não é necessariamente financeira — uma vez que o jornalismo, dentro das entidades sindicais, é atividade-meio e não atividade-fim como nas empresas de comunicação —, os faz herdar o problema de desconfiança na informação que impera na atualidade.

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Assim, para conquistar credibilidade, ele defende a necessidade de investimento na comunicação sindical, com equipe qualificada, aposta em social media, diversificação de conteúdo, inovação, código aberto (o que significa lançar dados e informações que as pessoas da categoria possam utilizar), atuação em rede (articulando-se com outras entidades sindicais e movimentos sociais) e aprofundamento de conteúdo. Tudo isso ligado, conforme a coordenadora da Secretaria Nacional de Comunicação da CUT, Paula Brandão, ao diálogo com a base. “Temos que partir do pressuposto de que nem todo mundo entende o que a gente quer dizer, nossa língua. É preciso falar de modo que a categoria compreenda.”

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Por sua vez, o publicitário Henrique Pereira, especialista em comunicação sindical e fundador/diretor da Interlig Propaganda Solidária, aponta que há algumas miopias na comunicação sindical, entre as quais se destacam o sectarismo (só enxergar nossa própria posição) e o corporativismo (falar apenas para nós mesmos, e não para e sobre o mundo). “Nossa incapacidade de apresentar uma versão mais sistêmica faz com que a base só vá se despolitizando.” Driblar isso, mais uma vez, requer investimento. E isso, de acordo com Pereira, inclui não enxergar o jornalista como “faz tudo” e ter consciência de que a comunicação é uma ferramenta de disputa da hegemonia e que, por isso, não é  tarefa de um só departamento, mas de toda a organização sindical.

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A tarde seguiu com as apresentações do repórter fotográfico Joka Madruga (idealizador do portal Terra Sem Males e diretor de Imagem do SindijorPR) e do fotógrafo José Cícero da Silva (videomaker da Agência Pública) sobre a importância do uso da imagem no jornalismo sindical. Trata-se, na verdade, de um grande gargalo dentro dos sindicatos, uma vez que poucos conseguem ter uma equipe que inclua fotógrafos, designers e realizadores de vídeo. Em seguida, o professor Gustavo Barreto, colaborador do Núcleo Piratinga de Comunicação e da Rede Nacional de Jornalistas Populares, fez uma explanação sobre o uso de novas mídias nos sindicatos, com dicas, sobretudo, para a atuação nas redes sociais.

Por Táscia Souza, de Curitiba
Fotos: Alan Francisco de Carvalho e Táscia Souza

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