Pressão das ruas é fundamental para deter projeto de terceirização, diz senador

São Paulo – O senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou hoje (29) que somente muita “pressão e bateção de tambor” das centrais sindicais e movimentos sociais, vai conseguir impedir a aprovação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 30 – aprovado na Câmara como Projeto de Lei 4.330 –, que libera a terceirização em todas as atividades das empresas. “Se o rufar dos tambores acontecer, o Congresso recua. A continuar essa pressão, que os movimentos sociais estão fazendo corretamente, nós derrubamos o projeto”, defendeu.

O senador, que é relator do PLC na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, manifestou sua posição contrária à proposta. “A nossa intenção é derrubar. Só fazer um substitutivo não adianta. É preciso partir de um novo projeto, que será construído por essa cruzada pelos direitos dos trabalhadores”, afirmou.

Segundo Paim, há uma união inédita entre centrais sindicais, Poder Judiciário, movimentos sociais e outras entidades, tamanho o risco que o projeto representa. “Além das manifestações de rua, recebemos carta de apoio assinada por 19 dos 21 ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), apoio da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra)”, afirmou. O senador participa de audiência sobre o PLC 30 na Assembleia Legislativa de São Paulo. O plenário da Casa está lotado.

A iniciativa conta com apoio do Fórum Permanente em Defesa dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização, integrado por sindicatos, especialistas e pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), entre outras organizações.

A primeira audiência foi realizada no dia 29 de maio, em Minas Gerais. Na sexta (26), foi a vez da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Outros estados também integram o calendário nacional até o final de julho. Uma carta será redigida pelo Fórum, a partir das propostas surgidas nas audiências e nas plenárias livres a serem organizadas.

Na última quinta-feira (25), movimento sociais e centrais sindicais realizaram manifestação contra a retirada de direitos e o PLC 30 era um dos principais pontos para as entidades. “Se a terceirização entrar na pauta de votação nós vamos parar o Brasil. Não vamos aceitar um retrocesso como esse no direito dos trabalhadores”, afirmou o vice-presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo.

Paim está viajando a todos os estados para realizar audiências públicas sobre o projeto. Para ele, é mínima a chance de o projeto ser votado neste ano, pois há muitos debates a realizar e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), “se comprometeu a não colocar o projeto em votação sem um amplo debate”. Até agora foram realizadas cinco audiências nos estados e três no Senado.

Segundo o senador, um projeto para regulamentar a terceirização deve garantir a responsabilidade solidária entre empresa contratante e contratada sobre os direitos dos trabalhadores e não permitir a ampliação da prática no país. “Não queremos que os 40 milhões de trabalhadores com carteira assinada sejam terceirizados. Queremos que os 12 milhões nessa situação sejam regulamentados, tenham seus diretos assegurados”, afirmou Paim. As centrais sindicais já apresentaram uma minuta de projeto ao senador, com estas características.

De acordo com estudo da CUT, os principais problemas em relação à terceirização é que os trabalhadores recebem salários até 30% menores, o número de acidentes de trabalho aumenta muito – de cada cinco acidentes registrados, quatro são de terceirizados. Além disso, será mais difícil combater o trabalho em condições análogas à escravidão.

“A terceirização é a quase revogação da lei áurea. Precariza e desorganiza o mundo do trabalho. Não vai ter mais metalúrgico ou enfermeiro. Todos serão funcionários de uma empresa qualquer, que contrata trabalhadores e os envia para as áreas que contratem”, afirmou Paim. Outro temor do Senador é que as ações na Justiça do Trabalho já são hoje, em sua ampla maioria, de trabalhadores terceirizados. “Se o projeto for aprovado, a Justiça do Trabalho vai ficar travada”.

Da Rede Brasil Atual

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