Medidas de Bolsonaro contra crise agravam ‘reforma’ trabalhista, alerta Dieese
Governo vai na mesma linha de retirar renda da mão dos trabalhadores, avalia analista sobre empresas poderem cortar jornadas e salários pela metade
Em sua coluna na Rádio Brasil Atual na manhã desta quinta-feira (19), o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior, afirma que, apesar de o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) reconhecer que é preciso que a população tenha renda garantida enquanto durar a crise provocada pela chega do coronavírus ao Brasil, propostas anunciadas ontem (18) pela equipe econômica “vão na contramão” do que a entidade defende para a classe trabalhadora.
Entre os anúncios feitos ontem, destaque para a “permissão” para que empresas cortem em 50% a jornada e os salários dos funcionários, o que deve ser feito por meio de Medida Provisória (MP) enviada ao Congresso. O governo também anunciou que vai conceder vales no valor de R$ 200, aos trabalhadores que estão na informalidade e não recebem recursos de programas sociais.
“A medida que o governo está propondo de reduzir esses salários, além de possibilitar férias e outros mecanismos muito rápidos, sem precisar conversar com ninguém, é a (nova fase da) reforma trabalhista, a MP 905. O governo vai na mesma linha de retirar renda da mão dos trabalhadores quando, no momento de crise econômica que nós estamos, a gente deveria colocar mais renda na mão dos trabalhadores”, contesta Fausto.
“No caso dos trabalhadores privados o que nós precisamos é de uma medida muito rápida de garantia dos postos de trabalho”, completa.
De acordo com o analista, esse plano do governo, ao lado da redução da taxa básica de juros decretada ontem pelo Banco Central, em 0,5 ponto percentual, apenas confirmam a visão de Bolsonaro que, mesmo diante de uma pandemia, vem minimizando os impactos pedindo para que “não haja histeria”.
“Não temos que ter histeria”, diz Fausto, “mas temos que ter medidas muito aceleradas para conter a crise. Se (por um lado) nós estamos no início de um ciclo viral, (por outro) nós já estamos no auge da crise econômica, porque o Brasil já vinha de um crescimento muito baixo, perda de renda e ampliação do desemprego”, destaca.