A grande marcha dos trabalhadores: um testemunho

“Do rio que tudo afasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que os comprimem.” 

(Bertold Brecht)

Por  Maria Clotilde Lemos Petta*

Hoje participei da Marcha das Centrais, em Brasília, e ainda no calor de grandes emoções registro aqui meu testemunho sobre os acontecimentos deste dia histórico, dia 24 de maio de 2017. Tudo começou de forma muito bonita, grupos chegavam com suas bandeiras, cantando, gritando palavras de ordem e alguns dançando. As bandeiras das centrais sindicais, da Frente Brasil Popular, do Povo Sem Medo, do MST,  de partidos políticos, da UNE, da Ubes e muitas organizações vibravam, numa festa democrática, bonita de se ver. Lembrei-me das belas manifestações que tive oportunidade de ver na África do Sul, quando os manifestantes marcham dançando e cantando.

Estávamos lá cerca de 100 mil trabalhadores e trabalhadoras, de todas as regiões do Brasil, na sua maioria jovens, mas também idosos, marchando na mais perfeita ordem. De início foi avisado pelas direções das centrais que, ao chegar à Esplanada, não seria permitido o uso de pau de bandeira e tubo de PVC e já foi combinado como entregaríamos estes materiais. E que não deveríamos reforçar atitudes violentas. E a marcha seguiu como uma corrente do bem que unia pessoas na defesa dos seus direitos, contra as reformas do pacote de maldades do governo ilegítimo, gritando Fora Temer e em defesa das Diretas Já.

Mas eis que um grupo de mascarados, pequena minoria no meio de uma multidão, tenta passar a barreira das centenas de policiais. E pasmem, ao invés de a polícia controlar este grupo, começa a agredir, com balas de borracha, bombas de gás a todos de forma indiscriminada. Nesse contexto, os apelos das direções sindicais para que todos não respondessem às provocações não tinham mais eficácia.

Ficam as perguntas: a quem interessa que grupos façam depredações e incêndio de prédios de patrimônio público? Quais as razões de a polícia não controlar um grupo pequeno no meio de milhares de manifestantes? Mas uma certeza fica: apelar para a presença das forças armadas numa situação como esta escancara o caráter fascista do governo golpista. Faz-nos lembrar do “O Rei está nu”. E só reforça que não há dúvidas de que o desafio seja construir a mais ampla unidade de forças pelo Fora Temer e Diretas Já.

*Maria Clotilde Lemos Petta é coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee

Artigos relacionados

2 Comentários

  1. Perfeito, isso mesmo Maria Clotilde Lemos Petta, quem interessa a ação destes Black Blocs? Eles estavam em 2013, com as mesmas ações e veja aonde chegamos! Fica a lição para todos nós, sindicalistas, movimentos sociais e políticos consequentes, por mim, estes pseudos revolucionários dos Black Blocs, tem que ser isolados e desmascarados! Evidente que eles não estão sozinhos nisso, duvido se não tem gente infiltrado entre eles, para causar na massa a sensação que os movimentos sociais não tem propostas, apenas possibilidades de confronto! Por outro lado, a Polícia do GDF é fascista, foi incapaz de controlar duas dezenas de provocadores, como se fosse combinado, começou a atirar a esmo!

  2. isso mesmo, Tid, hoje no Congresso alguns deputados garantiram a informação de que o governo golpista organizou infiltrados para essa baderna. Todos acham estranho a polícia não prender os baderneiros em número reduzidos. As tvs mantinham o foco nos infiltrados, assim fica justificado a presença do exército nas ruas… triste…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo