A história da riqueza do homem

Por Augusto César Petta*

Na condição de professor de cursos de formação política e sindical, fui várias vezes inquirido sobre qual o melhor livro que indicaria para alguém que está querendo ter uma base consistente para entender os mecanismos da sociedade atual com as suas contradições, do movimento sindical dos trabalhadores, da política mais geral. É muito difícil afirmar com precisão qual o melhor livro, até porque há vários livros que atendem a essa necessidade. Posso, no entanto afirmar que está entre os melhores “História da riqueza do homem”, do jornalista e escritor estadunidense Leo Huberman, escrito em 1936, portanto há quase 80 anos. Mais recentemente, em 2009, já na 22ª edição, Marcia Guerra, historiadora e professora da PUCRJ, deu continuidade à obra de Huberman, incluindo dois capítulos que tratam de temas atuais, como a expansão e a crise do capitalismo, a ordem neoliberal e a queda da experiência socialista na URSS.

Destaca-se, nesse livro, a análise compreensível do mundo feudal, da dinâmica capitalista e da perspectiva socialista. Huberman conseguia levar a estudantes e operários, de forma simples, os ensinamentos de vários autores clássicos, entre eles o maior de todos, Karl Marx. Recebeu um elogio de um dos maiores revolucionários do século XX, Che Guevara: “Huberman cumpre com perfeição a primeira tarefa de um revolucionário – ser claro”.

O livro divide-se em duas partes: a primeira “Do feudalismo ao capitalismo” e a segunda “Do capitalismo ao …”. Na primeira parte, são abordadas questões fundamentais para compreender o modo de produção feudal e a passagem para o modo de produção capitalista: como o feudo era organizado? Qual a diferença entre servo e escravo? Como se dava a relação entre senhor e servo?  Qual o papel da Igreja e da nobreza? Como surge o comerciante? Como se dá o intercâmbio das mercadorias? Como surgem as cidades? Como aparecem os burgos e os burgueses? E a revolução comercial? E o industrial incipiente? E o mercado e o mercantilismo? E o advento da Revolução Francesa? Na segunda parte, os capítulos referem-se ao modo de produção capitalista e a sua passagem para a sociedade socialista. Busca responder a questões essenciais: de onde vem o dinheiro? Como se desenvolvem os meios de produção e as forças produtivas?  E o surgimento da indústria moderna, com todas as mazelas de exploração sobre os trabalhadores? Como se opera a revolução na indústria, na agricultura e no transporte? E o fascismo, o nazismo e as guerras? Como se dá o crescimento da indústria? E as crises do capitalismo? Como são criadas as condições para chegarmos à sociedade socialista? E a Revolução Russa?  E a grande descoberta de Marx, a mais-valia, que coloca a nu a exploração capitalista?

Calcula-se que já foram vendidos mais de meio milhão de exemplares desse livro, indicado por muitos professores de História nas escolas. Muitos estudantes, insatisfeitos com as explicações “oficiais” – em que a história da humanidade é contada do ponto de vista das classes dominantes -, encontraram no livro de Huberman a explicação que procuravam para melhor entender esse mundo de tanta complexidade em que vivemos. E na medida em que compreenderam melhor, muitos se engajaram na luta política, buscando contribuir para a construção de uma sociedade justa, solidária e soberana.

Seja pelo seu conteúdo de grande qualidade, seja pela clareza com que consegue transmitir, através da escrita, suas ideias, “História da riqueza do homem” torna-se leitura obrigatória para aqueles que querem desvendar os meandros do sistema capitalista e ter maior segurança na atuação política rumo à sociedade socialista.

Se aceitar minha sugestão, desejo a você boa leitura!

*Augusto César Petta é professor, coordenador-técnico do CES,  e ex-presidente da Contee e do Sinpro Campinas

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