Com ataques às escolas em Gaza, Israel cria cultura de medo e ódio, analisa professor

Para educador, a violência contra crianças palestinas faz parte de uma estratégia deliberada do Estado de Israel

Os ataques de Israel às escolas em Gaza fazem parte de um projeto político que visa deixar impactos profundos e duradouros tanto sobre as crianças quanto na população geral, avalia o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Cara. Em entrevista ao Conexão BdF , o colunista da Rádio Brasil de Fato acredita que a crueldade do genocídio contra o povo palestino gera uma “cultura de ressentimento, frustração e ódio”.

“As crianças não deveriam ter que lidar com isso. Esse é o ponto fundamental. É óbvio, mas ele precisa ser dito”, defende. Segundo o professor, os bombardeios nas escolas não são novidade e fazem parte de uma estratégia mais ampla. “Existe um projeto, nesse caso, que é de tentar amedrontar as crianças. Mas, na prática, o que aconteceu é que, por conta de todo o abuso, de toda a violência do Estado de Israel, se constitui uma cultura de ressentimento, frustração e ódio.”

Para ele, esse ciclo de violência é agravado pela inação da Organização das Nações Unidas (ONU) , enfraquecida diante da aliança entre Israel e Estados Unidos, intensificada sob o governo de Donald Trump. “É lamentável que a Organização das Nações Unidas não tenha força suficiente para fazer valer as suas posições”, diz.

Mundo flerta com conflito maior

Cara também analisou o risco de escalada do conflito para além da Palestina , diante dos recentes ataques israelenses ao Irã . Segundo o professor, há hoje uma aliança militar em consolidação entre a Rússia, a China e o Irã, o que pode ampliar o alcance da guerra. “O cenário que se coloca é de bastante risco, pela força militar do Irã, pela força militar de Israel, pelo apoio do governo Donald Trump ao [primeiro-ministro de Israel, Benjamin] Netanyahu .”

Ele considera que os esforços de mediação por parte da Rússia enfrentam dificuldades, e vê o primeiro-ministro israelense, com o apoio dos Estados Unidos, como um dos principais responsáveis pelo agravamento da crise. “O Netanyahu é o principal inimigo, o inimigo número um da humanidade”, menciona, ao repetir a declaração do ativista Thiago Ávila , detido e deportado de Israel.

“O mundo flerta com um conflito de magnitude maior já há alguns anos, e esse flerta uma hora vai se realizar para a infelicidade de toda a humanidade”, prevê.

Editado por: Thalita Pires

Do Brasil de Fato 

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