Comandante da PM incentivou ato pró-Bolsonaro, atacou o STF e foi exonerado por Doria

As ameaças golpistas vomitadas diuturnamente pelo presidente estão ecoando de forma preocupante agora entre bolsonaristas incrustados nas forças de segurança, que no Brasil carecem de uma cultura democrática mais sólida e profunda.

Em São Paulo, o coronel Aleksander Lacerda, comandante da Polícia Militar, decidiu seguir a trilha do mito da extrema direita. Incentivou os atos convocados pelos golpistas para 7 de setembro. Desancou o STF e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Extrapolou tanto os limites da função que acabou exonerado.

“Aqui no estado de São Paulo não teremos manifestações de policiais militares na ativa de ordem política”, afirmou o governador João Doria. “Não admitiremos nenhuma postura de indisciplina como foi feita pelo coronel Aleksander, e agora ele está afastado da Polícia Militar”.

De acordo com uma reportagem do “Estado de São Paulo”, Aleksander convocou militantes e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF) em publicações nas redes sociais.

A Polícia Militar informou que o coronel Aleksander Toaldo Lacerda foi afastado das suas funções e que será convocado pelo Comando da corporação.

“A Corregedoria da instituição, que é legalista e tem o dever e a missão de defender a Constituição e os valores democráticos do país nela expressos, analisa as manifestações recentes do oficial, que foi convocado ao Comando Geral para prestar esclarecimentos”.

O afastamento acontece no dia em que governadores, incluindo Doria, se reúnem para debater a defesa da democracia e a escalada da crise entre os poderes provocada por Jair Bolsonaro.

A decisão de Doria acontece também poucos dias após Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar que o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) e o cantor Sérgio Reis fossem alvo de mandados de busca e apreensão em ação que investiga incitação a atos violentos e ameaçadores contra a democracia.

Em áudio vazado, Sérgio Reis defendeu a paralisação de caminhoneiros para pressionar o Senado a afastar ministros do STF (ouça aqui). Diante da péssima repercussão e da instauração do inquérito o cantor sertanejo se acovardou e disse que o áudio foi divulgado por um “amigo da onça”.

Mas Bolsonaro decidiu apresentar um pedido de impeachment contra Moraes, o que foi rapidamente repudiado pelo STF. Em solidariedade a Moraes, dez partidos também emitiram notas reafirmando o compromisso com a manutenção da democracia. O ministro também recebeu a solidariedade da maioria dos governadores brasileiros.

“Isto mostra a postura autoritária do governo, que ataca o STF, os governadores, ataca na verdade todos os que defendem a democracia. Isto traz consequências econômicas extremamente negativas”, afirmou o governador da Bahia, Rui Costa.

Corporação proíbe atos

O regulamento da corporação da Polícia Militar proíbe policiais de participarem ou promoverem atos político-partidários.

“Aos militares do Estado da ativa são proibidas manifestações coletivas sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório e de cunho político-partidário, sujeitando-se as manifestações de caráter individual aos preceitos deste Regulamento”, diz um trecho do regulamento.

O CPI-7 compreende sete batalhões da Polícia Militar de São Paulo, o que representa cerca de 5 mil policiais em 78 municípios da região de Sorocaba. Ele é formado pelos seguintes Batalhões da Polícia Militar do Interior: 7º BPM/I (Sorocaba), 12º BPM/I (Botucatu), 22º BPM/I (Itapetininga), 40º BPM/I (Votorantim), 50º BPM/I (Itu), 53º BPM/I (Avaré) e 54º BPM/I (Itapeva).

Outros ataques no post

Conforme a reportagem do “Estado de São Paulo”, Aleksander também criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por desprezar o pedido de impeachment feito pelo presidente contra o ministro Alexandre de Moraes.

O governador de São Paulo e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, que agora é secretário de Projetos e Ações Estratégicas estadual (com o reacionário propósito de privatizar a Sabesp a toque de caixa), também foram atacados por Aleksander.

Com informações do G1

CTB

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