Consind da Contee tem início com o desafio de construir a unidade para alcançar conquistas

O XIX Conselho Sindical (Consind) da Contee teve início dia 29 numa solenidade com a participação de dirigentes da Contee, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e da Federação dos Sindicatos dos Professores e Professoras de Instituições Federais do Ensino Superior (Proifes-Federação). Todos os pronunciamentos destacaram a necessidade da união dos trabalhadores, democratas e setores progressistas para reverter a situação de perdas de direitos imposta ao país desde o golpe que colocou Michel Temer na Presidência da República.

Gilson Reis, coordenador-geral da Contee, abriu os trabalhos dizendo da “grande expectativa de fazermos um debate profícuo neste Consind. Pretendemos apresentar perspectivas de luta e sair deste encontro com mais força e determinação para construir a sociedade justa, desenvolvimentista, distributivista, solidária que ansiamos. Estamos construindo a unidade para enfrentar a concentração, nacional e internacional, do capital. O golpe de Temer é multifacetado, mas está na educação um de seus pilares. Não existe projeto de nação sem vínculo com a educação. As entidades nesta mesa de abertura apontam para a dimensão dos desafios que temos pela frente. Temos consciência de que a luta de corporação não basta para encontrarmos o caminho para o país. Nós estamos sob um golpe de estado, um regime de exceção, mas a ofensiva do capital monopolista é internacional. O mundo está em crise, reformas trabalhistas estão sendo adotadas em mais de 120 países. É uma crise de longo prazo. É preciso reformar nossas entidades para uma luta de longa duração. O debate ideológico é fundamental nesta batalha. A saída não é o empreendedorismo, o individualismo. Assim como a luta ideológica, a luta política deve ser travada cotidianamente. O golpe coloca o Estado máximo para o capital e mínimo para a população. Se não fortalecermos as entidades nacionais, não serão os sindicatos isolados que conseguirão elevar o patamar de nossa luta. Fortalecer a Contee, a CNTE, a CUT, a CTB é uma necessidade”.

Segundo o dirigente da entidade, “fomos derrotados com o golpe e precisamos construir um amplo campo democrático para reverter esse quadro. Reorganizar o movimento sindical com base no local de trabalho. Trazer a juventude para dentro do movimento sindical. Cuidar da formação dos militantes e dirigentes sindicais. Temos que organizar nossa comunicação, o diálogo com nossa base – não podemos deixar isso por conta da Rede Globo! Propomos uma mobilização nacional dia 14 de novembro contra a reforma trabalhista e da Previdência e, no dia 15, da Proclamação da República, ações em defesa do país e da nossa soberania. Temos que nos preparar para impedir que a reforma da Previdência seja aprovada no Congresso. E, por fim, transformar a Conferência Nacional Popular de Educação (Conape) numa ampla mobilização popular de base, nas escolas, nos bairros, para mostrar o desmonte da educação nacional. Criar dezenas de atividades em Belo Horizonte, onde acontecerá a etapa nacional em abril próximo, e denunciar o golpe. A Conape deve ser uma grande atividade nacional”.

O coordenador geral finalizou sua intervenção dizendo que “nossa situação é grave, mas temos experiência e história. Confio no nosso povo e na nossa capacidade de organização e luta. Vamos derrotar os inimigos do nosso povo e do nosso país!”.

Antônio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da CUT, considerou que “neste momento precisamos de discussão, clareza e unidade. O golpe não foi contra a Dilma, mas contra a classe trabalhadora. Os golpistas aprovaram muita coisa contra os trabalhadores nesses 16 meses em que empalmaram o poder. O ataque contra a democracia teve três pilares: apoio e planejamento dos Estados Unidos, contra política externa soberana que vinha sido adotada; interesses financeiros do grande capital internacional no patrimônio brasileiro; e o apoio da elite nacional, pobre do ponto de vista cultura, mesquinha e mentirosa. Teve o apoio de um parlamento dominado por degredados. Os parlamentares compromissados com os interesses nacionais desenvolvem uma brava luta no Congresso, mas são minoritários”. Ele anunciou que sua entidade está “colhendo assinaturas para cancelar a reforma trabalhista e contamos com vocês nessa campanha. Quanto à reforma da Previdência, se colocar para votar, temos que parar novamente o Brasil”.

Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) denunciou que no mundo “cresce a ofensiva direitista e não está descartada da possibilidade de uma guerra. O desemprego cresce, no mundo e no Brasil. Em nosso país aumenta a exclusão social. No livro de Umberto Martins, publicado pela CTB, ‘O golpe do Capital contra o Trabalho’, há uma análise profunda, de classe, proletária, sobre a situação que vivemos atualmente. Não vamos construir caminhos se ficarmos numa visão imediatista diante desta agenda extremamente regressiva. Temos que pensar e agir grande. Estamos vendo a sepultara das conquistas sociais, como diz o professor e advogado José Geraldo de Santana Oliveira, da Contee. O capital vai se concentrando cada vez mais e nós não podemos nos dispersar”.

Rosileine Correa, secretária de Finanças da CNTE insistiu em que o momento “exige muita parceria. A situação do país deixa claro que existem dois lados, e estamos do lado dos trabalhadores. Esta semana tivemos o resultado da aprovação do ensino religioso nas escolas, um retrocesso para nós, que torna as escolas reféns das igrejas. A cada dia sofremos mais uma etapa do golpe. Os investimentos em educação estão sendo dramaticamente cortados – é o modelo de país que os golpistas estão nos impondo. A educação sofre um massacre. O espaço riquíssimo que temos para avançar e fortalecer a nossa luta é a Conape. Nada substitui o olho no olho com a população, como nossos alunos e seus pais”.

Eduardo Rolim, da PROIFES, lamentou que’ estejamos tendo que voltar a discutir questões como a democracia, a Lei da Mordaça, a privatização da educação. A reforma trabalhista nos remete aos anos de escravidão. A reforma da Previdência liquida com a possibilidade de o trabalhador um dia se aposentar. Vivemos uma desumanização da sociedade. As classes dominantes desqualificam a política, o movimento sindical, a solidariedade. Nosso desafio é mostrar o contrário. Temos que utilizar os meios de comunicação, chegar às pessoas para que elas conheçam, entendam e abracem nossa proposta de uma sociedade justa e solidária. No processo eleitoral do próximo ano, se houver, teremos que mobilizar a população para dar um novo rumo ao país”.

Alan Francisco de Carvalho, coordenador de Comunicação Social da Contee, fez o lançamento da Campanha contra a Desprofissionalização do Professor, apresentada por Ana Petta, da Clementina Filmes, empresa contratada para o seu desenvolvimento, junatamente com a Contra Regras.

Ainda hoje, após a leitura e aprovação do regimento do XIX Consind, haverá mesa para discutir “A conjuntura nacional e internacional e o enfrentamento da crise”. Amanhã, 30, acontecerão mesas sobre “A contrarreforma trabalhista: impactos e resistência política”, “A contrarreforma trabalhista: limites e possibilidades jurídicas” e “Os retrocessos na educação brasileira e a organização da Conape”.

No domingo, 1º, os trabalhos serão encerrados com plenária que aprovará plano de lutas. O Consind está sendo transmitido ao vivo pelo Facebook.com\PaginadaContee

Carlos Pompe
Fotos: Nara Teixeira e Enio Fernandes – TREEMIDIA

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