Monitor do PIB/FGV aponta estagnação da economia em outubro

Para a indústria, “os efeitos da alta dos juros foram se acumulando, se tornando bastante intensos”

Sob os efeitos do aperto monetário causado pelos juros altos, a economia brasileira basicamente não cresceu no mês de outubro, ao registrar uma variação de apenas 0,1% em comparação com setembro, quando caiu -0,4%. Os dados são do Monitor do Produto Interno Bruto (PIB) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado na sexta-feira (16).

O Monitor do PIB-FGV é considerado uma “prévia” do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, calculado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na semana passada, outro indicador de “prévia” do PIB,  o  Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) também apontou perda de ritmo da economia em outubro, queda de  0,05% em relação ao mês anterior.

Em agosto, o IBC-BR  já havia registrado queda de -1,3% e em setembro zero de crescimento, de acordo com o resultado calculado após ajuste sazonal – quando são já descontadas as variações e influências de determinado período do ano.

Sob a via dos juros altos freando o consumo e os investimentos, a Indústria, o Comércio e Serviços no mês de outubro continuaram mantendo a perda de ritmo em suas atividades vista no terceiro trimestre de 2022, quando produto interno bruto brasileiro (PIB) desacelerou, ao registrar um crescimento de apenas 0,4% na comparação com o trimestre anterior.

Ainda que a responsável pela pesquisa Juliana Trace considere que “O crescimento do PIB em outubro deve-se, principalmente, ao bom desempenho do setor de serviços e do consumo“, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) destacou que o último trimestre de 2022 o setor de serviços teve início com um enfraquecimento. “Saiu-se pior do que a indústria e o comércio varejista, que, embora pouco tenham variado, ao menos ficaram no azul”.

“Na passagem de set/22 para out/22, já descontados os efeitos sazonais, enquanto o varejo e a indústria registraram +0,5% e +0,3%, respectivamente, o faturamento real dos serviços encolheu -0,6%, sua primeira taxa negativa desde fev/22. Com isso, o índice IBC-Br do Banco Central, que funciona como uma proxy do PIB, recuou -0,05% e cresceram as chances de o PIB do 4º trim/22 vir a ser mais modesto do que o esperado”, analisou o Iedi sobre o resultado do setor de serviços em outubro, divulgado pelo IBGE.

“Este último resultado dos serviços já pode estar refletindo a dissipação dos efeitos positivos da retomada das atividades presenciais e da mobilidade das pessoas e, ao mesmo tempo, as influências do baixo dinamismo dos demais setores econômicos”, completou.

CONSUMO DAS FAMÍLIAS EM QUEDA

E continua: “Tanto é que as maiores quedas em out/22 ficaram por conta dos serviços prestados às famílias, com -1,5% na série com ajuste sazonal, e transportes, armazenagem e correios, com -1,8%, sendo que para transportes terrestres, mais diretamente relacionados com o nível geral de atividade econômica, foi o segundo mês no vermelho”.

Ao divulgar os dados da sondagem da indústria em novembro, o gerente de Análises Econômicas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marcelo Azevedo, enfatizou que “os efeitos da alta dos juros foram se acumulando, se tornando bastante intensos”. Segundo ele, “a atividade do setor está mais fraca em novembro e, como consequência, temos expectativas de menos contratações e menos investimentos”.

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes, alerta que com o crédito mais caro e o elevado endividamento das famílias – ambos puxados pelos juros altos -, as pessoas vão gastar menos neste fim de ano. De acordo com o economista, num quadro em que o endividamento das famílias atinge quase 80% dos brasileiros, “este será o quarto ano seguido que o brasileiro deverá priorizar o pagamento de dívidas devido ao comprometimento recorde no comprometimento da renda”, frisou.

Hora do Povo

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