Precisamos da História, antes que seja tarde

Vítor Andrade*

A disciplina de História no currículo escolar passou a ser obrigatória em 1837, com a criação do Colégio D. Pedro II no Rio de Janeiro. De lá para cá houve mudanças significativas ao abordar História em sala de aula, seja pelas escolas de pensamento ou pelas diretrizes muitas vezes estatais, como a introdução de trabalharmos história da África, história estadual, enfim, com a finalidade de promover e de afirmar a importância da história na vida de todos nós.

Estudar história, ao contrário do que pais, alunos, professores e leigos pensam, não é apenas a arte de decorar; o professor de História não está lidando com “papagaios” que precisam apenas ser meros reprodutores de frases. Estudar história é compreender o andamento da sociedade ao longo do tempo em seus aspectos culturais, sócio-políticos e econômicos, e, para não complicar muito a leitura, é saber como o homem se comportou e se comporta ao  longo dessas mudanças, com um olhar crítico, reflexivo, e protagonista do palco da vida. É necessário um trabalho urgente com as famílias, para que possam entender que a história, as artes, a educação física, a filosofia são tão importantes quanto qualquer outra disciplina, e que merecem ser respeitadas e estudadas.

Comum a nós, professores de História, o olhar de espanto quando recebem a notícia de que  alunos ficam em recuperação ou quando reprovam em História: “como assim recuperação em História?”. Temos uma herança cultural na qual o importante é  estudar e saber  português e matemática. Hoje, com a crescente procura por concursos públicos, essas matérias foram bem mais evidenciadas, e estamos criando um povo que, quando se esforça, sabe ler, sabe escrever, contar, calcular, mas não sabe sua história, sua localização no tempo. E aí,  quando é cobrada em concursos a disciplina Atualidades, parecem que as informações são em outra língua, ou os candidatos pensam que Atualidades é fácil e que conseguem fazer a prova.

Não podemos criar uma geração sem perfil ideológico, sem conhecer sua história, sem passado, sem presente, pois se corre o risco de não terem um futuro. Toda disciplina precisa de história, para tudo na vida: precisamos completar as informações que estão desencontradas em nossa certidão de nascimento histórico, para que o registro geral fique completo. E aqui, meus amigos, vão me desculpar, mas isso cabe a nós, das ciências humanas; as exatas nos ajudam e nos completam.

Encerro o texto com três vivas: Viva a História! Viva o estudo da História e os seus benfeitores! Vivas àqueles que não gostam de história, pois não sabem que eles também fazem história! Parabéns aos estudantes de História, aos professores de História, aos historiadores, e a todos aqueles que indiretamente contribuem para a compreensão da história.

*Vítor Andrade é professor de História e diretor do Sinproep-DF

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