18 de junho – Dia Internacional de Combate ao Discurso de Ódio
Nesta data tão significativa, estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2022, com o objetivo de promover ações para enfrentar e prevenir o discurso de ódio em todas as suas formas, a Confederação Sindical da Educação dos Países de Língua Portuguesa (CPLP-SE) traz um alerta firme sobre o uso cada vez mais frequente dos recursos tecnológicos — como o avanço das mídias sociais — e do poder da imprensa na ampliação e normalização do discurso de ódio.
O discurso de ódio não é um fenômeno novo — ele sempre existiu. No entanto, hoje, com a velocidade e o alcance proporcionados pelas redes sociais e plataformas digitais, ele se multiplica de forma alarmante, atingindo milhões de pessoas em poucos segundos. Isso tem gerado um ambiente onde o preconceito, o racismo, a homofobia, a xenofobia, misoginia e outras formas de intolerância deixam de ser exceções e passam a ser naturalizados.
As consequências disso são graves e visíveis. A violência simbólica se converte, muitas vezes, em violência física. O ódio que se espalha por palavras vira agressão, perseguição, mortes.
Basta olhar o cenário internacional para compreender a gravidade do que está em jogo. Guerras e genocídios, como o que acontece na Palestina, são alimentados também por narrativas distorcidas veiculadas tanto pelas mídias sociais quanto por setores da imprensa que, em vez de cumprir seu papel de informar com responsabilidade e verdade, acabam reforçando estigmas e ampliando a desinformação. A consequência é a legitimação de discursos xenofóbicos, a demonização de povos inteiros, a incitação ao medo, à exclusão e ao ódio.
O mesmo se observa em países de língua portuguesa. No Brasil, a violência contra populações indígenas, negras e LGBTQIAPN+ cresce em meio a discursos de ódio propagados virtualmente e ignorados ou mesmo amplificados por meios de comunicação tradicionais. Em Moçambique, os conflitos no norte do país expõem a manipulação da religião e da origem étnica como armas retóricas. Em Portugal, episódios de ataques racistas e xenofóbicos contra imigrantes africanos e brasileiros têm sido impulsionados por discursos violentos. Em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, a intolerância política ou religiosa, muitas vezes silenciada, cresce nos bastidores das redes. E na Galícia, região com laços linguísticos e culturais com o espaço lusófono, também se observa o fortalecimento de narrativas contra minorias linguísticas e migrantes, o que deve ser combatido com firmeza e união.
A educação, nesse contexto, assume um papel essencial e inadiável. Ela deve ser a principal ferramenta de resistência. É por meio da educação que formamos consciências críticas, capacitadas para identificar, enfrentar e transformar realidades marcadas pela intolerância. A educação deve promover o respeito às diferenças, a escuta empática, a cultura de paz e os direitos humanos.
Por isso, neste 18 de junho, a Confederação Sindical da Educação dos Países de Língua Portuguesa conclama todos os trabalhadores e trabalhadoras da educação, pais, estudantes e a sociedade em geral a estarem vigilantes. É urgente construir um amplo campo de defesa da liberdade de expressão, que jamais se confunda com o direito de propagar o ódio. Liberdade sim — mas com responsabilidade, empatia e compromisso com a vida, a justiça e a dignidade de todos.
Da CPLP-SE