Segurança Pública do DF diz que nenhuma pessoa foi presa por ato de bolsonaristas radicais em Brasília
Nesta terça-feira (13), governador Ibaneis Rocha já havia dito que não acreditava haver prisões. Grupo incendiou carros, ônibus, depredou delegacia e tentou invadir sede da PF
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) confirmou, na manhã desta terça-feira (13), que nenhuma pessoa foi presa durante os atos de vandalismo deflagrados por bolsonaristas radicais, na noite desta segunda-feira (12), em Brasília (veja íntegra da nota abaixo).
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), já havia afirmado ao g1 que acreditava não haver detenções. “Acho que não”, respondeu ao ser questionado sobre prisões.
O grupo incendiou veículos, depredou uma delegacia, fechou vias e tentou invadir a sede da Polícia Federal. Também houve confronto com a Polícia Militar. A SSP-DF afirma que apura as responsabilidades, junto com a PF.
“Esses atos, praticados por grupos isolados, estão sendo apurados pela Polícia Civil do Distrito Federal e os participantes, uma vez identificados, serão responsabilizados. A PF, por sua vez, deverá apurar os crimes relacionados aos atos que atentem contra a instituição e crimes de natureza federal”, diz a nota.
A SSP afirma ainda que, durante os atos, “para redução dos danos e para evitar uma escalada ainda maior dos ânimos, a ação da Polícia Militar se concentrou na dispersão dos manifestantes”.
“Destacamos que o policiamento na área central e nas imediações do hotel em que o presidente da república eleito está hospedado têm policiamento reforçado”, diz.
Por conta dos vandalismo, o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios segue restrito, com fechamento da via S1, no Eixo Monumental, a partir da alça da Rodoviária do Plano Piloto até a via L4. A via N1 está interditada a partir do acesso à via L2 até a L4. O acesso à via N1 pela N2, no Ministério da Economia, também está fechado.
A recomendação da SSP-DF é que os motoristas utilizem as vias S2 e N2, “obedecendo à sinalização e orientação das autoridades de trânsito”.
Brasília amanhece com ônibus atrasados e Esplanada fechada
Os bolsonaristas tentaram invadir o prédio da Polícia Federal e quebraram vidros da 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte. Policiais militares entraram em confronto com o grupo, que colocou botijões de gás em vias próximas ao local. Segundo o Corpo de Bombeiros afirmaram que eles estavam vazios.
O Corpo de Bombeiros do DF afirma que, ao todo, três carros e cinco ônibus foram queimados. Ainda segundo os militares, desse total, quatro ônibus e um carro foram totalmente queimados e o restante, parcialmente.
Além disso, uma pessoa de 67 anos precisou de atendimento médico após inalar gás lacrimogêneo.
Por medida de segurança, após quatro veículos serem incendiados, os ônibus tiveram atraso de cerca de uma hora para sair das garagens nesta manhã, afirmaram as empresas Marechal, São José e Pioneira. Usuários enfrentam paradas lotadas e demora na nas primeiras horas do dia.
O que aconteceu e o que disseram as autoridades
- Os atos de vandalismo começaram na frente da Polícia Federal, na Asa Norte, por volta de 19h30, após o cumprimento de um mandado de prisão temporária contra o indígena José Acácio Tserere Xavante, apoiador de Jair Bolsonaro;
- A prisão do indígena aconteceu por determinação do STF e atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República;
- A PGR e o STF afirmam que o Tserere é investigado por participar de atos antidemocráticos e reunir pessoas para cometer crimes; a PF diz que o preso está acompanhado de advogados e que as formalidades relativas à prisão “estão sendo adotadas nos termos da lei”.
- Após a prisão de Tserere, um grupo de radicais tentou invadir um prédio da PF e incendiou carros;
Parte do grupo seguiu pela Asa Norte, onde realizou novos atos de vandalismo. Pelo menos um ônibus foi incendiado; botijões de gás foram espalhados em ruas da cidade; - A Polícia Militar foi chamada e reagiu com bombas de gás e balas de borracha. Houve confronto com os radicais;
- A Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que precisou restringir o trânsito na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e em outras vias da região central;
- O secretário de Segurança, Júlio Danilo Souza Ferreira, afirmou que os participantes dos atos de vandalismo serão responsabilizados: “A partir de agora , temos imagens, filmagens, temos como identificar”. Ele não soube dizer se houver prisões.
- A região do hotel onde o presidente eleito, Lula, está hospedado teve a vigilância reforçada por equipes da PM.
- O governador Ibaneis Rocha (MDB) disse: “Por enquanto estamos agindo com as forças policiais. Todas as nossas forças policiais (…) estão nas ruas”.
- Ao blog da Andréia Sadi, o senador Flávio Dino (PSB-MA), futuro ministro da Justiça, afirmou que o “governo federal segue omisso diante dessa situação grave absurda”.
- Às 23h08, mais de duas horas depois do início dos atos, o ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, escreveu em uma rede social que o Ministério da Justiça, por meio da Polícia Federal, “manteve estreito contato” com a Secretaria de Segurança do DF e com o governo do DF “a fim de conter a violência e restabelecer a ordem”. Ele disse que “tudo será apurado e esclarecido” e que a situação está se normalizando”.
- O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou de “absurdos” os atos de vandalismo, “feitos por uma minoria raivosa”. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também disse repudiar violência e desordem. Veja a repercussão política.
- Segundo o Corpo de Bombeiros, três veículos de passeio e cinco ônibus foram incendiados. Portas de vidro da 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte, foram quebrados. A Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes tiveram acessos bloqueados, por segurança, nesta terça-feira (13).
Veja o que diz a Secretaria de Segurança Pública
“A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) informa que os atos de vandalismo praticados na noite de ontem (13/12) em decorrência do cumprimento de mandado de prisão feito pela Polícia Federal (PF) foram, ainda no fim da noite, controlados pela Polícia Militar do DF (PMDF), com reforço de tropas especializadas. Esses atos, praticados por grupos isolados, estão sendo apurados pela Polícia Civil do Distrito Federal e os participantes, uma vez identificados, serão responsabilizados. A PF, por sua vez, deverá apurar os crimes relacionados aos atos que atentem contra a instituição e crimes de natureza federal.
Até o momento, não foram constatadas prisões relacionadas aos distúrbios civis ocorridos. A SSP/DF destaca que para redução dos danos e para evitar uma escalada ainda maior dos ânimos, a ação da Polícia Militar se concentrou na dispersão dos manifestantes. Destacamos que o policiamento na área central e nas imediações do hotel em que o presidente da república eleito está hospedado têm policiamento reforçado.
O Detran atuou no controle de trânsito, apoiando a Polícia Militar e os órgãos responsáveis na desobstrução de vias e na retirada dos veículos carbonizados. O Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) atuou, durante todo o processo, na contenção dos incêndios e suporte e preventivo a possíveis feridos com atendimento pré-hospitalar. Um senhor, de 67 anos passou mal e foi atendido e conduzido pela corporação à UPA de São Sebastião. Ele estava consciente, orientado e estável.
Toda área central da capital segue monitorada pela segurança pública, com apoio de câmeras de videomonitoramento e do serviço de inteligência. Como medida preventiva, o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios segue restrito, com fechamento da via S1, no Eixo Monumental, a partir da alça da Rodoviária do Plano Piloto até a via L4. A via N1 está interditada a partir do acesso à via L2 até a L4. O acesso à via N1 pela N2, no Ministério da Economia, também está fechado. A recomendação é que os motoristas utilizem as vias S2 e N2, obedecendo à sinalização e orientação das autoridades de trânsito. O acesso à Praça dos Três Poderes também segue restrito.”