Presidente da UNE cobra projeto estruturante para as universidades

Manuella Mirella foi debatedora da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), que termina nesta quinta-feira (1º), no Espaço Brasil 21, em Brasília

Por Iram Alfaia

A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuella Mirella, cobrou do governo brasileiro um projeto “estruturante” para o ensino superior. “Conquistas e vitórias isoladas são muito importantes, mas nós precisamos de um projeto robusto comprometido com o desenvolvimento do Brasil”, disse ela.

Manuela foi debatedora da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), que termina nesta quinta-feira (1º), no Espaço Brasil 21, em Brasília. Ela participou da plenária “As universidades públicas no Brasil: presente e futuro”, coordenada pela reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão.

Do debate, participaram ainda a presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires, o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, e o presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), Rodrigo Capaz.

A presidente da UNE direcionou sua mensagem ao ministro da Educação, Camilo Santana, que estava na programação para participar da plenária, mas foi representado pela presidente da Capes.

A estudante disse que a universidade brasileira precisa ser repensada e citou como exemplo a situação da Coreia do Sul, onde o número de patentes é de 23 mil enquanto no Brasil chega a 250, embora os países se equiparem na publicação de artigos.

“Então nós precisamos de um projeto robusto no ensino superior que repense o papel das universidade. É claro que a prioridade é o combate à fome, miséria e desigualdades sociais, mas também precisamos de um Brasil forte e soberano. A criatividade está nas nossas universidades, nossos jovens têm capacidade como demonstraram os meninos do sul da Bahia que criaram um protótipo que recolhe plástico dos oceanos”, afirma.

Sob aplausos, Manuela destaca que esse projeto de universidade não combina com “déficit zero e metas fiscais irreais”. “Esse projeto combina com pobre nas universidades e colocar as universidades no centro para [contribuir com] a soberania e desenvolvimento nacional. Isso para que a gente consiga a transição energética e reindustrialização do país”, disse.

Acesso

Denise Pires observa que a média de estudantes no ensino superior no país ainda é baixa. Só 23% estão no ensino superior na faixa etária de 25 a 34 anos. A média dos 21 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 47,2%.

“Trouxe essa reflexão por que escutamos no passado recente que havia muitas pessoas graduadas no país, o que afastou os jovens e aqueles não tão jovens que devem ingressar na educação superior. O governo precisa oportunizar o acesso e a democratização do ensino, principalmente com uma educação de qualidade”, disse.

A presidente da Capes informa que não há um estado da federação com 25% de estudantes na faixa etária e 25 a 34 anos. “Nem no Rio de Janeiro e nem São Paulo. Portanto, o primeiro desafio é aumentar o acesso à educação superior no Brasil”, assegura.

Ela disse que os maiores desafios do governo atualmente são a ampliação do número de vagas e matrículas; diminuição da evasão e retenção; adequação e melhoria qualidade de infraestrutura; e maior oferta de cursos noturnos.

Outro problema a ser enfrentado, segundo ela, é a baixa qualidade do ensino à distância ofertados pelas universidades privadas.

Recursos

Alfredo Gomes diz que participava do evento na condição de quem passou pelos quatros anos do governo Bolsonaro. “Um desgoverno profundo em relação a educação superior e a ciência e tecnologia. Agora que isso está sendo recolocado na pauta nacional como temas essenciais para a educação e o ensino superior”, considera.

Contudo, o reitor da UFPE diz que o governo precisa ajustar o orçamento das universidades que tiveram quedas bruscas nos governos de Michel Temer e Bolsonaro. Só em investimento que chegou a R$ 7 bilhões em 2012 caiu para faixa de R$ 1 bilhão este ano.

Gomes cobrou uma forma mais perene de financiamento das universidades e também a equiparação de recursos com as outras instituições. Por exemplo, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) tem um orçamento de R$ 12,7 bilhões, o dobro das universidades.

Do Vermelho

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