Atenção à saúde de trabalhadores da educação é destaque em Congresso Mundial da IE

Segundo a Internacional da Educação, questões voltada para o bem-estar dos educadores é prioridade número um

No 10º Congresso Mundial da Internacional da Educação (IE), o bem-estar dos/as educadores/as públicos foi destacado como prioridade vital para uma educação de qualidade.

Sediado na capital argentina, o evento reúne representantes de sindicatos dos trabalhadores/as da educação de 178 países, e segue com programação até o dia 2 de agosto. Em um dos painéis apresentados, o Congresso destacou a urgência de ações para a garantia da qualidade laboral dos profissionais.

Uma das estratégias-chave adotadas pela IE para a promoção da saúde e bem-estar dos trabalhadores em todo o mundo tem sido a campanha Go Public! Fund Education, que busca aumentar o investimento dos governos em educação pública.

Segundo destaca a Federação, melhorar o bem-estar dos profissionais da educação requer a garantia ampla de diversos fatores, como a saúde mental, o desenvolvimento profissional, ambientes de trabalho adequados, turmas reduzidas, recursos suficientes, além do envolvimento dos docentes na tomada de decisões. Para isso, ter um financiamento público que permita a implementação das iniciativas de forma eficaz é necessário.

“É essencial que os profissionais da educação debatam a saúde e o bem-estar nessa área tão vital para qualquer país. Muito importante o 10º Congresso Mundial da Internacional da Educação discutir esse tema tão relevante para a melhoria da educação e das condições de vida de quem trabalha com educação”, avalia a secretária de Saúde dos Trabalhadores em Educação da CNTE, Francisca Seixas, que também integra a comitiva da Confederação no Congresso da IE.

Ela relata que, no Brasil, o assunto é tão urgente que já até possui leis, como a 14.681/2023, por exemplo, para tratar exclusivamente desse tema.

“Isso porque a saúde mental e o bem-estar das trabalhadoras e dos trabalhadores em educação têm sofrido muito com os sucessivos ataques a educadoras e educadores no desgoverno anterior, o que se mantém em muitos estados e municípios brasileiros.”, aponta.

“Além de os profissionais sofrerem uma política difamatória e de violência no desgoverno anterior e em muitos estados e municípios, os/as profissionais/as da educação ainda enfrentam falta de políticas de valorização profissional, de investimentos em educação pública e cuidados com a saúde laboral, o que agrava a situação dos adoecimentos físicos e mentais, além da total falta de segurança nas escolas.” completa Francisca.

Educação de Qualidade

Pesquisas e manifestos recentes da EI têm salientado a urgência de abordar o bem-estar dos docentes e demais profissionais como um fator essencial para a qualidade da educação.

Intitulado “Teacher well-being: a global understanding” (Bem-estar dos professores: uma compreensão global), o estudo apresenta uma análise aprofundada sobre a atual situação de bem-estar dos professores internacionalmente. Segundo o documento, este é um aspecto influenciado por vários fatores, incluindo a saúde psicológica e física, a satisfação no trabalho e o equilíbrio entre a vida profissional e privada.

Níveis elevados de estresse, esgotamento e problemas de saúde mental têm prevalecido entre os educadores, devido a cargas de trabalho excessivas, falta de apoio e más condições de trabalho.

Segundo o estudo, a constante pressão sobre os profissionais também têm prejudicado a eficácia dos educadores, e consequentemente, impactado negativamente os alunos. “Se persistido ou agravado, a atratividade da profissão docente diminuirá”, alerta a IE.

“A jornada de trabalho exerce um peso fundamental nos casos de adoecimento dos profissionais. Isso porque eles precisam trabalhar em duas ou mais escolas para compor seus salários de modo razoável. Essas escolas muitas vezes são bem distantes umas das outras. Além de impossibilitar a criação de um vínculo mais próximo com os alunos, essa jornada causa grandes transtornos para a locomoção de um local a outro, gerando cansaço no trabalhador”, menciona Francisca.

“Em uma categoria, como a do magistério, composta na maioria por mulheres, que além de toda essa precariedade no ambiente de trabalho ainda acumulam os afazeres domésticos, trabalhando muito mais do que qualquer ser humano pode suportar”, ressalta.

Conforme salienta a pesquisa, existe a necessidade de mudanças sistêmicas para melhorar as condições de bem-estar dos educadores em todo o mundo.

Um passo importante para isso, segundo a IE, é o reconhecimento global sobre esse desafio, e melhores investimentos para o setor. De acordo com a IE, especialmente em áreas com poucos recursos, em crise ou afetadas por conflitos, investir em melhores condições e oportunidades de trabalho na educação pode aumentar a retenção, tornar a profissão mais atrativa e criar ambientes de aprendizagem inclusivos que promovam a equidade.

O manifesto da EI, “O bem-estar dos professores e trabalhadores da educação – Vital para a educação”, enfatiza a necessidade de uma perspectiva global, reconhecendo as diferentes definições e desafios em diferentes contextos. Nele, são apresentadas as principais recomendações, incluindo ações governamentais para financiar os sistemas educativos, desenvolver programas de orientação e garantir salários competitivos. Além disso, há um apelo para o envolvimento dos sindicatos na defesa do bem-estar nas políticas e parcerias nacionais.

Com informações da Internacional da Educação

Da CNTE

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