Reajuste salarial: Ganho real em mais de 86% das negociações de agosto e setembro

Os reajustes salariais de agosto e setembro de 2024, conforme levantamento realizado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), revelam um panorama favorável para os (as) trabalhadores (as), com a grande maioria das categorias alcançando ganhos reais (acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – INPC-IBGE).

No entanto, ao comparar os dois meses, observa-se variações significativas, com tendências de continuidade nos setores mais representativos e importantes reflexões para o movimento sindical, especialmente em relação à valorização dos profissionais da educação.

Em agosto, o DIEESE analisou 60 reajustes registrados no Mediador, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O resultado mostrou que 86,7% dessas negociações resultaram em ganhos reais, ou seja, aumentos salariais acima da inflação, medida pelo INPC-IBGE. Este índice é representativo, pois mostra que a maior parte dos (as) trabalhadores (as)conseguiu uma recuperação salarial superior à variação dos preços.

Em setembro, o número de negociações analisadas subiu para 166, e o percentual de reajustes com ganhos reais subiu para 89,2%, o segundo melhor resultado do ano, atrás apenas de maio de 2024 que chegou a 89,9%. A variação real média dos reajustes também foi positiva em ambos os meses. Em agosto, a média de variação real foi de 1,08%, enquanto em setembro esse número subiu para 1,11%, consolidando o bom desempenho das negociações salariais.

Setores e Regiões: Estabilidade nos Resultados

A comparação entre setores revela diferenças nas porcentagens de ganhos reais, mas com uma estabilidade no panorama geral. Em agosto, os metalúrgicos (91,3%), trabalhadores da construção e mobiliário (91,0%) e de transportes (89,1%) destacaram-se com grandes ganhos reais. Esses setores mantiveram sua boa performance também em setembro.

O mês de setembro manteve a tendência de crescimento positivo em indústria (88,4%), serviços (86,6%) e comércio (78,2%). A indústria seguiu sendo o setor com mais negociações superando o INPC, refletindo um cenário positivo de valorização das categorias.

Em relação às regiões, o Sudeste teve os melhores resultados, com 89,3% das negociações acima da inflação, enquanto o Nordeste teve os menores índices, com 81% das negociações superando a inflação, o que destaca a necessidade de fortalecer a luta sindical para garantir melhores condições salariais em todas as regiões.

Valorização do Piso Salarial

Em termos de pisos salariais, os valores em agosto mostraram um aumento no valor médio dos pisos, com destaque para as categorias da indústria e serviços, cujos pisos médios variaram entre R$ 1.566,62 e R$ 1.853,41. Esse movimento de valorização salarial continua com a manutenção da tendência positiva em setembro, com valores médios de pisos ligeiramente mais altos.

No entanto, é importante observar que, mesmo com avanços, as diferenças regionais ainda são grandes. O Sul apresenta os maiores pisos, com média de R$ 1.780,59, enquanto o Nordeste continua com os menores pisos, com média de R$ 1.588,33. Isso evidencia a necessidade de fortalecer a união das categorias em todas as regiões para que o princípio da justiça salarial seja garantido de maneira equânime.

Reajustes Parcelados e Escalonados

Outro ponto importante é a questão dos reajustes parcelados e escalonados, que foram observados em uma parte pequena das negociações de ambos os meses. Em agosto, apenas 1,8% das negociações apresentaram parcelamento nos reajustes. Já os reajustes escalonados, aqueles com percentuais diferenciados conforme o porte da empresa ou faixas salariais, foram observados em 15,7% das negociações em setembro.

Os reajustes parcelados e escalonados refletem uma realidade das negociações salariais, em que a única forma de garantir a manutenção e recuperação do poder de compra dos trabalhadores seja por meio da luta sindical que, cada vez mais, deve se articular para que tais parcelamentos sejam reduzidos e, preferencialmente, substituídos por reajustes integrais.

A Luta da CONTEE pela Valorização dos Profissionais da Educação

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE), em sintonia com as conquistas das negociações coletivas, segue firme na luta pela valorização dos profissionais da Educação. Este é um setor fundamental para o desenvolvimento social do país, mas, historicamente, muitas vezes negligenciado em termos de remuneração e condições de trabalho.

O levantamento do DIEESE também destacou que, em setores como a educação privada, embora os reajustes salariais estejam presentes, a valorização das categorias educacionais ainda não atingiu níveis suficientes. Nesse contexto, a CONTEE segueapoiando as negociações, buscando garantir salários dignos e melhores condições de trabalho para professores (as), funcionários (as)administrativos (as) e todos os (as) trabalhadores(as) da educação.

A luta da CONTEE é estratégica, não apenas para garantir reajustes acima da inflação, mas também para alcançar avanços estruturais em um setor essencial para o futuro do país. Isso inclui o combate à precarização do trabalho e a defesa de políticas públicas que reconheçam e promovam o valor social da educação. A valorização da educação passa, indiscutivelmente, pela valorização dos (as)profissionais que nela atuam.

Com o consolidado de 2024 até setembro, o DIEESE revelou que 86,3% das negociações conquistaram reajustes com ganhos reais, e a média de variação real foi de 1,49%. Isso confirma que a valorização salarial, impulsionada pelas negociações coletivas, continua a ser um fator importante para a recuperação das perdas salariais que a classe trabalhadora enfrentou nos últimos anos.

Para a CONTEE, esse cenário é fundamental, pois aponta que as negociações são uma ferramenta essencial na construção de uma sociedade mais justa, em que os (as) profissionais da educação e todos (as) os (as) trabalhadores (as) conquistem, de fato, o reconhecimento que merecem.

Em fevereiro de 2025, começam os processos negociais dos profissionais da educação escolar. A Contee, comprometida com a causa, seguirá debatendo o tema e trazendo informações cruciais para fortalecer a luta.

Confira na íntegra o Caderno de Negociações número 81 de 09/24 e o Boletim nº 49 de 10/24, ambos do DIEESE.

Por Romênia Mariani

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