Trama bolsonarista: ao STF, Mauro Cid reafirma que Bolsonaro leu ‘minuta do golpe’ em reunião

Documento anterior prisão de Moraes e novas eleições; delator diz que ex-presidente pediu alterações no texto

O tenente-coronel Mauro Cid reafirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (14) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve contato direto e leu a chamada “minuta do golpe” durante uma reunião no Palácio do Planalto em 2022. Segundo o delator, Bolsonaro chegou a pedir alterações no texto, que previa decretar novas eleições e prender autoridades da cúpula dos poderes.

O novo depoimento foi prestado por videoconferência ao ministro Alexandre de Moraes, relator das ações penais que investiga os núcleos 2, 3 e 4 da trama golpista. Cid é delator no processo e foi listado como testemunha pela Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável pela acusação.

Cid disse que o ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins – que também é réu na ação – levou um jurista para apresentar o documento a Bolsonaro em pelo menos duas graças. Em uma das reuniões, um minuto foi exibido aos comandantes das Forças Armadas em uma tela grande.

Segundo o delator, a minuta foi dividida em duas partes: uma lista de “considerandos”, com o que seriam interferências do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no processo eleitoral, e, em seguida, um plano de ações que incluía a prisão de autoridades e a convocação de novas eleições.

O texto original anterior à prisão de Moraes e de outros ministros do Supremo, e do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). De acordo com Cid, Bolsonaro solicita mudanças para restringir a medida apenas a Moraes.

O depoimento não foi transmitido ao vivo nem gravação autorizada, mas advogados e representantes da imprensa puderam acompanhar a audiência externamente.

Nova etapa do julgamento segue até dia 23

O depoimento de Mauro Cid marcou o início de uma nova fase no processo que trata da tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As audiências que envolvem os núcleos 2, 3 e 4 ocorreram até o dia 23 de julho, com depoimentos de testemunhas de acusação e defesa.

No mês passado, o STF recolheu as testemunhas do núcleo 1 , que inclui Bolsonaro e sete aliados diretos. O tribunal quer concluir o julgamento dos cinco núcleos ainda em 2025.

Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, ações penais com réus presos – como o ex-ministro Walter Braga Netto, detido no Rio de Janeiro – não ficam paralisadas durante o recesso do Judiciário.

Editado por: Martina Medina

Do Brasil de Fato

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