A literatura ancestral de Ailton Krenak

Na contramão da lógica produtivista que guia o mundo moderno, o pensador indígena Ailton Krenak nos convida a desacelerar, refletir e proteger aquilo que mais importa: a vida. Escritor, ambientalista, ativista e membro da Academia Brasileira de Letras, Krenak tem sido uma das vozes mais potentes e sensíveis contra o modelo de desenvolvimento predatório que ameaça a existência no planeta.

“Essa maquinaria toda vai instituindo um consumo de tudo, inclusive o consumo de nós mesmos. Vamos nos consumindo, uns aos outros”, afirma. Em entrevistas recentes, como a concedida à Rádio Brasil de Fato, Krenak criticou duramente o “show do progresso” – expressão usada para descrever a crença cega na ciência e na tecnologia como únicas saídas para crises que elas mesmas ajudaram a aprofundar.

Para Krenak, a humanidade corre o risco de se tornar uma “máquina de fazer coisas”, sem tempo para a contemplação, o afeto, a conexão com o outro e com a Terra. O modelo econômico vigente, baseado na extração contínua de recursos e no consumo desenfreado, é visto por ele como uma ameaça não apenas ao meio ambiente, mas à própria condição humana.

Essa crítica, porém, não se restringe ao discurso: ela está na base de toda a sua obra. Em livros como Ideias para adiar o fim do mundo, A vida não é útil e Futuro ancestral, Krenak propõe uma nova (ou ancestral) forma de estar no mundo – uma existência que valorize a espiritualidade, a ancestralidade, a convivência com a natureza e o respeito aos diferentes modos de vida.

A seguir, conheça algumas das principais obras de Ailton Krenak – leituras indispensáveis para quem quer repensar o futuro (ou melhor, os futuros possíveis).

Obras essenciais de Ailton Krenak

  1. Ideias para adiar o fim do mundo (2019)

Um manifesto contra a visão utilitarista do mundo. Um chamado à reconexão com a Terra e com os outros.

  1. A vida não é útil (2020)

Um ensaio poético que questiona a lógica capitalista e propõe uma vida movida pela sensibilidade e pelo afeto.

  1. Futuro ancestral (2022)

Reflexões sobre tempo, memória e sobrevivência a partir do olhar dos povos originários. Uma chave poética e política para novos mundos.

  1. O amanhã não está à venda (2020)

Uma crítica ao desejo de “voltar ao normal” no pós-pandemia. Uma pausa necessária para pensar outros caminhos.

Por que ler Krenak?

Porque sua literatura não ensina respostas — ensina perguntas.
Porque seu pensamento não é manual — é trilha.
Porque sua voz não vem do centro do mundo, mas do centro da Terra.
Ailton Krenak nos mostra que há outro jeito de sonhar, de habitar, de imaginar.
E que talvez a maior revolução seja, antes de tudo, sentir.

Por Romênia Mariani

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