Colapso de mina condenada da Braskem em Maceió pode abrir cratera maior que Maracanã

Deslocamento vertical acumulado na mina de extração de sal-gema da empresa, no bairro Mutange, já chegou a 1,70 metro

Segundo dados da Defesa Civil de Maceió no final da tarde desse domingo (3), o deslocamento vertical acumulado da mina n° 18, da Braskem, no bairro Mutange, é de 1,70m. A velocidade do afundamento se reduziu para 0,3 cm por hora (era de em 0,7 cm no boletim anterior). O movimento das últimas 24 horas foi de 7,4 cm.

O órgão permanece em alerta máximo devido ao risco iminente de colapso da mina. A cidade está sob esta condição desde o último dia 29. Na sexta-feira (1°) e no sábado, foram registrados dois tremores, um de magnitude 0,39 e o outro, de 0,89, a uma profundidade de 300 metros. Na manhã de ontem, a Defesa Civil de Alagoas registrou imagens aéreas que mostram o avanço de fissuras, o que significa que a área seca está sendo ocupada pela água da Lagoa Mundaú. O órgão faz monitoramento permanente na área.

“Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo”, diz a nota da Defesa Civil. “A equipe de análise ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas.”

A situação é tensa desde quarta-feira (29), quando a prefeitura da capital alagoana decretou situação de emergência. Mas a população vive clima de insegurança desde 2018. No início de 2022, a Braskem anunciou a demolição de casas para estabilização e drenagem da encosta do Mutange.

A obra fazia parte do Termo de Acordo Socioambiental firmado em dezembro de 2020 entre o Ministério Público Federal e a empresa. Cerca de 60 mil pessoas já tiveram que se mudar do local, deixando não apenas suas coisas como a própria vida construída por décadas. Com tantos problemas e o surgimento de rachaduras em casas e ruas, a Braskem anunciou o fim da exploração das minas em maio de 2019.

Risco de colapso total

Segundo a Braskem, o local pode sofrer um colapso total. Mas ela diz também que é possível uma acomodação do solo. De acordo com os técnicos, ocorrendo um colapso, poderia se abrir uma cratera maior que o estádio do Maracanã.

O governo federal também acompanha a situação. O ministro dos Transportes, Renan Filho, já declarou que a responsabilidade deve ser imputada à Braskem. “A responsabilidade da Braskem é total. No Brasil, a legislação ambiental impõe o crime a quem o pratica. Quem praticou esse desastre ambiental foi a Braskem”, disse ele ao UOL na sexta-feira (1°).

Para que serve sal-gema?

A exploração de sal-gema em Maceió pela empresa se voltou inicialmente para a produção de dicloroetano, substância usada na indústria de PVC. Mas pode ser destinado para uso na cozinha e para diversas outras finalidades na indústria química, como soda cáustica, ácido clorídrico, bicarbonato de sódio, sabão, detergente, pasta de dente e outros.

Da Rede Brasil Atual

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