Dia do Trabalhador: ‘é como se fosse uma pessoa da casa’

Por Maurício Ceolin

O momento brasileiro apresenta dois fatos que oferecem lições a serem apreendidas e oportunidades a serem aproveitadas: os baixíssimos índices de desemprego e a regulamentação da profissão dos trabalhadores domésticos.

O virtual pleno emprego que, ao eliminar o exército de reserva de mão de obra, desfalca o arsenal de recursos com que os patrões mantêm a opressão sobre os trabalhadores, oferece a oportunidade de lutas mais eficazes.

No entanto, transformar a oportunidade em conquistas é tarefa complexa. Antes de tudo é preciso vencer o individualismo incentivado por décadas de neoliberalismo; depois é necessário saber reconhecer e construir estratégias para  neutralizar as manobras daqueles que, desde sempre, se especializaram em transformar as conquistas sociais em benefícios pessoais ou de grupos. E, sobretudo é preciso saber construir a unidade da classe.

A oportunidade está dada! Aos trabalhadores cabe o desafio de  transformar a conquista social do pleno emprego em justiça para toda a classe trabalhadora.

A outra questão representa o marco inicial da superação de mais um resquício da escravidão, que, ainda e vergonhosamente, se abriga em rincões do País e nos seio de muitas famílias. De fato, igualizar os direitos dos “domésticos” aos dos demais trabalhadores é trazer para o conjunto da classe trabalhadora toda uma categoria que até agora esteve submetida a condições muito assemelhadas à de escravos. Esta reforma precisa ser entendida como símbolo!

Há que se vencer – em todos os campos e em todas as formas em que se apresente – aquele espírito de “é como se fosse uma pessoa da casa”, frase que mascara em carinho a própria essência do desrespeito para com a classe trabalhadora e que, mesmo não dita com estas letras, permeia as relações de trabalho, muito além do doméstico.

Em resumo, o momento é propício não só para conquistas duradouras nas condições de trabalho, mas também, e principalmente, para a consolidação, na sociedade, de um patamar de dignidade em que a classe trabalhadora seja reconhecida, material e culturalmente, de forma compatível com a sua importância vital.

Isto é o que o momento nos oferece e o desafio da união é o que devemos nos propor a vencer neste Dia do Trabalhador.

*Maurício Ceolin é professor da PUC-Campinas e diretor do Sindicato dos Professores de Campinas e Região – Sinpro Campinas

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