Escola do Dieese habilita dirigente para conselho da presidência

Petroleiro formado pelo Dieese chega à assessoria da presidência e ao Conselho Deliberativo da Fundação dos Petroleiros graças às oportunidades que a pós-graduação em Economia e Trabalho o habilitaram

Relacionar o feijão que foi servido azedo na mesa do jantar com a macroeconomia não é uma tarefa fácil, mas é tarefa de todo dirigente sindical. Quem está na posição de conversar e organizar os trabalhadores e trabalhadoras deve ser capaz de traduzir da forma mais compreensível possível as relações sociais e econômicas que constitui a própria classe trabalhadora.

Essa regra de conduta foi perseguida com obstinação pelo sindicalista Alexandre Finamori. Alexandre é petroleiro, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 2015, com a crise política e iminência de golpe no governo Dilma Rousseff, decidiu entrar de cabeça no movimento sindical como forma de atuação política direta. Muito movido, ele conta, por estar numa atividade localizada no centro das tensões que envolvia o impeachment sofrido pelo então presidenta.

No primeiro ano de atuação sindical Alexandre foi indicado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) para fazer a pós-graduação em Ciências do Trabalho, um curso que na época se chamava Sindicalismo e Trabalho, oferecido pela Escola Dieese de Ciências do Trabalho, braço do Departamento Intersindical Estatísticas e Estudos, o Dieese.

Foi aí que algumas etapas da vida profissional e política do Alexandre começaram a deslanchar. Logo após o curso, ele conta, foi indicado para presidente do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais, o Sindipetro MG.

Sua tese de conclusão foi sobre o processo de fechamento da Usina de Biodiesel de Montes Claros. A análise sócio-econômica sobre o tema oportunizou que o petroleiro passasse a participar de audiências públicas sobre privatização, até que veio o convite do gabinete da presidência, já no novo governo Lula, para ser um assessor sobre o tema com os sindicatos.

A coisa não parou aí. Hoje, Alexandre faz parte do Conselho do Plano de Previdência dos Petroleiros, cargo que “só foi possível por ter uma pós-graduação em Economia e por ter participado dos debates que os estudos na Escola do Dieese me permitiram fazer”, ele conta. Agora, o petroleiro faz parte do Conselho Deliberativo da Fundação.

A coordenadora da escola, Eliane Ferreira Elias, explica que os cursos costumam atender aqueles que pretendem atuar como assessores parlamentares e governamentais, trabalhar em instituições públicas e, principalmente, como dirigentes sindicais.

“O mundo do trabalho está em transformação constante e cada vez mais acelerada. A formação do Dieese é capaz de dar conta dessa demanda porque tem uma pedagogia muito firme de relacionar Economia, micro e macro, os autores de referência, e o mundo tal como ele é e virá a ser”, explica Eliane.

A formação na escola, segundo Alexandre, não deve ser encarada somente como um auxílio à atuação sindical, mas como uma forma de crítica ao próprio método sindical dos dirigentes.

“Aprendemos sindicalismo na própria grama, na sua fábrica, mas há métodos sindicais que podemos não conhecer ou viver, e ali, na escola, é possível fazer uma análise crítica desses modelos. É fundamental que atuação sindical esteja organizada em um método”, defende o petroleiro.

A Ciência e o Trabalho

A área de Educação do Dieese foi construída na década de 1970, com cursos livres voltados para a atuação sindical direta. A ideia era de que “o trabalhador se reconheça como sujeito, capacitado para negociar e intervir em questões como emprego, renda e outros temas relacionados ao mundo do trabalho”.

Em 2005, a instituição desenvolveu a faculdade, com cursos de pós-graduação e graduação centrados nas Ciências do Trabalho. A matriz dos cursos é interdisciplinar e gira em torno dos eixos Trabalho, Conhecimento e Linguagem. O currículo é estruturado nos pilares Economia Política, História Social e Sociologia Política.

Alexandre conta que o que mais lhe chamava atenção quando frequentou a escola era a capacidade da turma, a partir da proposta pedagógica, de “fazer um debate real, que se pode ver nas ruas, nas fábricas, nas casas, sempre puxado a partir de um texto acadêmico”.

“A turma é sempre muito heterogênea, e ela é estimulada a construir um conhecimento coletivamente. Nunca era apenas o autor e o professor falando, mas o conhecimento teórico em diálogo com as nossas experiências. Eu achava isso realmente incrível”, disse o ex-aluno.

Serviço

Os principais cursos oferecidos pela Escola do Dieese são o Bacharelado Interdisciplinar em CIências do Trabalho (graduação), a Especialização em Economia e Trabalho (pós-graduação), a extensão de curta duração, como Economia e Trabalho e Saúde, Trabalho e Ação Sindical, além das palestras e conferências.

O bacharelado está com o processo seletivo aberto até o dia 05 de fevereiro. A mensalidade para 2024 está fixada em R$ 833.

A Escola oferece bolsa de estudos de 90% na graduação para dirigentes de entidades sindicais filiadas ao DIEESE. Outros percentuais de bolsas são oferecidos para membros de entidades não sócias, de movimentos sociais e para a sociedade civil em geral.

É possível conferir mais informações sobre a escola e os curso no site www.escola.dieese.org.br

CUT

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