Fepesp: Em intervenção inédita, gestão Bolsonaro faz seleção de questões do Enem

O governo Jair Bolsonaro tem usado diversas estratégias, como a impressão prévia de provas e a análise do banco de questões por comitês externos ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), para tentar controlar o conteúdo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Servidores que pediram exoneração do órgão federal falam em pressão para trocar questões e o Estadão apurou que já houve supressão de itens “sensíveis” na prova que será aplicada nos dias 21 e 28 de novembro.

Segundo relatos à reportagem, 24 questões foram retiradas após uma “leitura crítica”, sob o argumento de serem “sensíveis”. Depois, 13 delas voltaram a ser incluídas e 11 foram vetadas. Para essa análise das questões, servidores do Inep tiveram de imprimir a prova previamente dentro da sala segura do órgão, em um procedimento não adotado em anos anteriores.

O presidente da associação dos servidores do Inep, órgão do Ministério da Educação, Alexandre Rematal, disse ontem que os funcionários “vivem em clima de insegurança, desconfiança e insatisfação generalizada” com a atual gestão. A declaração foi feita em reunião com o presidente do Inep, Danilo Dupas.

Ambos participam de uma audiência na Comissão Senado do Futuro, convocada para tratar da crise que resultou em um pedido de demissão em massa de servidores do Inep às vésperas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova está entre as atribuições do órgão.

Um grupo de nove deputados federais protocolou nesta quarta-feira, 17, ação contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o presidente do Inep, Danilo Dupas, pedindo que o Ministério Público Federal os investigue por improbidade administrativa. Eles também pedem que quaisquer “agentes públicos eventualmente envolvidos” no “controle ideológico” do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sejam punidos.

O documento se refere à “crise instaurada no Inep” e “um verdadeiro processo de desmonte” do órgão, responsável pela elaboração do Enem, que teria culminado na desoneração coletiva de 37 servidores.

Da Fepesp

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