Sinpro Minas: Professores de BH e região vão paralisar as atividades no dia 24

Professores de escolas particulares de Belo Horizonte e de cidades de abrangência da CCT MG vão paralisar as atividades no dia 24 de maio, quando farão uma nova assembleia presencial, às 10h, para discutir o rumo da campanha reivindicatória deste ano.

Nesse dia, eles podem votar pela greve por tempo indeterminado.

A decisão dos professores foi tomada na assembleia de sábado (14). Eles voltaram a rejeitar, por unanimidade, a proposta do sindicato patronal (Sinepe MG), que mantém a intenção de precarizar direitos dos professores.

Os donos de escolas querem, por exemplo, retirar o desconto da bolsa de quem atrasar a mensalidade, aumentar o número de situações que permitem reduzir a carga horária dos professores sem ter de indenizá-los, incluir na Convenção uma cláusula chamada de “controle alternativo de jornada”, que cria uma oportunidade para a escola não registrar nem pagar horas extras dos professores, entre outros pontos prejudiciais.

O patronal também quer dividir a categoria, ao propor uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) diferente para os docentes do ensino superior. Em relação ao reajuste, eles ofereceram apenas 5% para a educação básica e 4% para o ensino superior – percentuais bem abaixo da inflação oficial.

Segundo o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação do país, registrou em abril a maior variação em 27 anos. Enquanto isso, o valor das mensalidades escolares em Belo Horizonte, de acordo com levantamento do site de pesquisa de preços Mercado Mineiro, subiu em média acima de 10%.

Ato público

Os professores também aprovaram a realização de um protesto público no dia 24 de maio, logo após a assembleia, cujo local será definido em breve, e reafirmaram a pauta de reivindicações da categoria.

Os docentes reivindicam recomposição salarial de acordo com a inflação acumulada desde 2020 e um ganho real de 5% (total de 25,23%), manutenção dos direitos previstos na CCT, regulamentação do trabalho virtual, entre outros pontos de valorização profissional.

Mensalidade escolar e salário dos professores

Na assembleia, o diretor do Sinpro Minas e professor de matemática Newton de Souza apresentou um levantamento que mostra que, em média, de 2 a 5 alunos por turma pagam o salário de um professor. A pesquisa foi feita a partir de dados divulgados pelo site Mercado Mineiro, sobre as mensalidades de escolas da capital, e de informações do próprio Sinpro Minas, repassadas pelos professores no momento da sindicalização.

“São dados que evidenciam a lucratividade do setor e como os donos de escolas querem aumentar ainda mais essa margem, à custa das condições de vida e trabalho dos professores. Isso jamais iremos aceitar, e a categoria tem reiterado esse ponto nas assembleias e nas escolas. Os professores e professoras reafirmam que não aceitarão retrocessos”, declarou a presidenta do Sinpro Minas, Valéria Morato, que destacou como a entrada de grandes grupos empresariais e de fundos de investimentos no setor educacional tem pressionado os direitos dos professores.

De acordo com as informações divulgadas pela imprensa, o grupo educacional Cogna, fundado em Belo Horizonte, registrou um lucro líquido de R$ 55 milhões no 1º trimestre deste ano, uma alta de 58,7%. “É a mercantilização da educação. Cada vez mais, essas empresas compram outras escolas e investem contra os direitos dos trabalhadores, com a finalidade de aumentar ainda mais seus lucros. Essa é outra luta que temos de continuar travando, para impedir a precarização das condições de vida e trabalho da categoria”, ressaltou Valéria Morato.

Tentativa de desmobilização

Ela alertou os professores para a tentativa dos donos de escolas de desmobilizar a categoria, ao dizerem nas instituições de ensino que as negociações estariam avançadas. “Na mesa de negociação, eles ignoram nossa pauta, não são claros quanto ao recuo em uma série de itens prejudiciais aos professores, ao mesmo tempo em que reafirmam a intenção de retirar outras conquistas da categoria. Isso não representa pra gente avanço algum, muito pelo contrário. Ao espalhar essa desinformação, o que eles querem é tentar desmobilizar a categoria, porque sabem que é grande a insatisfação e a indignação dos professores com essa proposta que desvaloriza e desconsidera a nossa profissão”, ressaltou Valéria Morato.

Na assembleia de sábado, os professores relataram situações de pressão nas escolas e voltaram a criticar a proposta patronal, diante de um quadro de sobrecarga de trabalho, salas cheias de alunos, aumento do custo de vida e queda na renda.  “A hora é agora. Assim como fizemos nos anos anteriores, vamos novamente transformar nossa indignação em mobilização, para impedir retrocessos e garantir avanços. Iremos cruzar os braços no dia 24 de maio e exigir respeito e dignidade profissional”, destacou Valéria Morato.

Assembleia com paralisação das atividades (professores de BH e região de abrangência da CCT MG)

Dia 24 de maio – terça-feira

Horário: 10 horas

Local: a definir      

Nossa união, nossos direitos!

Campanha reivindicatória 2022

Do Sinpro Minas

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