Trabalhadores aumentam pressão no Senado contra Reforma

“Não somos aqueles que vão abaixar a cabeça diante das primeiras dificuldades. Nossas entidades estarão nas trincheiras para enfrentar as adversidades, com muita confiança na luta”, afirmou Gilson Reis, coordenador-geral da Contee, ao falar sobre a votação do regime de urgência para a Reforma Trabalhista no plenário do Senado, que deve ocorrer nesta terça, 4.

“Na semana passada, tivemos mais um grande dia de luta da classe trabalhadora, com manifestações e paralisações em todo o país contra o retrocesso na legislação trabalhista e na Previdência, bem como pelo fim do governo Temer e por eleições diretas”, lembrou Gilson, sinalizando que novas atividades devem ser realizadas nesta semana.

Cerca de 100 cidades realizaram paralisações na sexta-feira, 30, contra as reformas da Previdência e Trabalhista de Michel Temer e por eleições diretas. Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Minas Gerais realizaram fortes paralisações com intensa participação dos setores dos transportes públicos. À noite, em São Paulo, um grande ato encerrou a movimento, com cerca de 40 mil pessoas na Avenida Paulista.

Segundo Gilson, “a presença dos representantes do grande capital no Congresso é muito forte porque os grandes empresários são os maiores financiadores das campanhas políticas e investiram muito dinheiro para a eleição da maioria dos parlamentares deste Congresso, que é certamente um dos mais reacionárias da história. Mesmo assim, entraremos em contato com os senadores para mostrar-lhes como é nefasto o projeto que liquida com a Consolidação das Leis de Trabalho, a CLT”.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, afirmou ser necessário “que nesta semana façamos muito barulho, especialmente nas bases eleitorais dos senadores, alertando que os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras não perdoarão aqueles que lhes roubarem o futuro”.

Segundo o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, “os senadores estão morrendo de medo de vocês [manifestantes]. Eles iam votar dia 6 e adiaram. Estão com medo. Isso está acontecendo porque a gente não deixa esfriar, todo dia tem ato no Brasil. Vamos para Brasília no dia da votação”.

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, considera que, se a Reforma Trabalhista não for derrotada, o Brasil viverá conflitos e profunda insegurança jurídica. “Vamos seguir firmes contra esse golpe e contra a tomada de nossos direitos, sem dar descanso aos golpistas, nas ruas”, conclamou.

Os empresários têm pressa

Os senadores analisam nesta terça-feira, 4, requerimento de urgência para a votação da Reforma Trabalhista no Plenário. Se o pedido for aprovado, o Proleto de Lei da Cãmara (PLC) 38/2017 entra na pauta após duas sessões ordinárias. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), pretende concluir a votação antes do recesso parlamentar, que começa no dia 18 de julho. “Meu compromisso com a Casa é de votar até 10 ou 12 de julho”, anunciou.

O relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e líder do Governo, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que haverá debate “e a maioria deverá votar pela aprovação”. Do PMDB, 17 senadores anunciaram ser a favor e cinco contra o texto que veio da Câmara. Entre os contrários, Roberto Requião (PR) foi enfático: “O que se pretende é liquidar o direito do trabalhador, aviltar seu salário”.

A Gleisi Hoffmann (PT-PR) tentará adiar a votação, mesmo com a aprovação do regime de urgência.

”Queremos que se cumpra o prazo regimental, com as sessões ordinárias a cada dia. Essa matéria só pode entrar em pauta na semana do dia 12”, afirmou.

Adotado o regime de urgência, os senadores poderão falar apenas uma vez e por dez minutos cada — cinco a favor e cinco contra a proposta. Mas o presidente Eunício Oliveira avisou que vai conceder a palavra a todos que se inscreverem.

Até o dia 30, havia 13 emendas de Plenário, todas do senador Paulo Paim (PT-RS). Essas sugestões recebem parecer no próprio Plenário.

Carlos Pompe

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