Vamos reforçar a tese de genocídio do governo Bolsonaro no Tribunal de Haia, diz antropóloga

Relatório “Violência contra os povos indígenas no Brasil” irá apontar possível crime de genocídio contra povos indígenas durante governo Bolsonaro

A antropóloga Lucia Helena Rangel, coordenadora do relatório anual “Violência contra os povos indígenas no Brasil” do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), concedeu uma entrevista chocante ao jornal O Globo, onde afirma que não tem dúvidas de que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ter cometido um crime de genocídio durante os quatro anos de sua gestão.

Segundo o relatório do Cimi, durante o mandato de Bolsonaro, quase 800 indígenas foram assassinados, e outras 3.552 crianças com até quatro anos morreram nas aldeias, principalmente devido à falta de assistência de saúde. As regiões mais afetadas foram Mato Grosso do Sul e Roraima, onde os guarani kaiowas e os yanomamis foram particularmente atingidos por ataques armados e a invasão de garimpeiros.

“Esse nosso relatório, dos quatro anos de mandato, vai reforçar as ações que já foram movidas pelo movimento indígena no Tribunal de Haia para enquadrar o ex-presidente como genocida. Essa é a nossa denúncia”, afirma a antropóloga.

Lucia Helena ressalta que em Mato Grosso do Sul a situação se assemelha nitidamente a um genocídio, com altos índices de mortalidade infantil, fome e falta de assistência, o que sugere uma ação proposital para dizimar a população guarani kaiowa.

Para a antropóloga, as ações do governo, como a não demarcação de terras indígenas e a liberação de áreas para exploração de recursos naturais e grilagem, têm caráter voluntário e contribuíram para a tragédia vivida pelos povos originários.

Quanto ao ex-presidente Bolsonaro, Lucia Helena lembra que ele sempre teve uma postura contrária aos povos indígenas e que durante seu governo os assassinatos aumentaram, muitas vezes cometidos pelas forças oficiais ou milícias de fazendeiros.

A pesquisadora acredita que a marca histórica da escravidão no Brasil contribui para o racismo e falta de consideração pelos povos indígenas, alimentando um ódio contra eles.

O relatório do Cimi, divulgado na quarta-feira (26), será utilizado como denúncia no Tribunal de Haia, buscando responsabilizar Bolsonaro pelas ações que levaram à violência e à morte de tantos indígenas. Por outro lado, a antropóloga se mostra esperançosa com o novo governo que criou o Ministério dos Povos Indígenas e a Fundação dos Povos Indígenas (Funai), mas alerta que ainda há muito a ser feito, principalmente na agilização das demarcações de terras indígenas para garantir a proteção e o respeito aos povos originários do Brasil.

Da Mídia Ninja

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