Com Paulista lotada, presidente da CUT anuncia novos atos contra Bolsonaro em 15/11

Sérgio Nobre elogiou a organização dos atos deste sábado em todo o Brasil e cidades do exterior e afirmou que até o dia 15 de novembro movimento será reforçado por meio diálogos com os trabalhadores nas bases

Desde o início da tarde deste 2 de outubro a Avenida Paulista, centro financeiro de São Paulo, já estava fechada e sendo tomada por milhares de pessoas que, assim como em mais de 300 cidades Brasil afora, ocuparam as ruas em protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL). Muitas capitais e cidades do interior realizaram grandes atos durante a manhã como Recife, Rio de Janeiro e Goiânia.

São Paulo e outras cidades e capitais capitais como Belo Horizonte, Brasília e Florianópolis realizaram os atos à tarde.

Além de um ultimato ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) para que paute um dos mais de 130 pedidos de impeachment de Bolsonaro, o povo foi às ruas dizer que não aguenta mais o desemprego, a fome, os altos preços de combustíveis e alimentos e protestar contra o negacionismo do presidente, responsável pela morte de mais 600 mil pessoas por Codiv-19. Teve protestos também contra a privatização dos Correios e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, da reforma Administrativa, em vários atos realizados no país.

Os atos deste sábado também anunciaram uma nova agenda de manifestações. O dia 15 de novembro será novamente dia de milhares de trabalhadores e trabalhadoras gritarem ‘Fora, Bolsonaro’, como disse o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, no ato de São Paulo.

“Estamos fazendo um grande 2 de outubro, mas já está apontado em nosso calendário o dia 15 de novembro”, disse Sérgio Nobre, explicando que até lá o movimento sindical dialogará com a população sobre este momento dramático para o Brasil.

“Temos que fazer um debate com a periferia. Temos que falar que a indignação com o preço do feijão, da carne e da gasolina não tem como acabar com Bolsonaro na presidência”, disse o presidente da CUT completando ainda que se Bolsonaro não sair, o desemprego que já atinge recordes vai aumentar ainda mais.

Em seu discurso em um dos cinco caminhões de som espalhados ao longo dos quase 3 km da avenida, Sérgio Nobre elogiou a garra e determinação do povo brasileiro que lotou centenas de cidades em todo o país neste dia de protestos contra Bolsonaro.

Mais cedo, em entrevista à TVT, ele afirmou: “é triste e revoltante ver famílias fazerem filas em portas de açougues por ossos, porque o filho e filha não têm o que comer”.

O presidente Nacional da CUT também ressaltou a união das forças políticas e sociais no pelo ‘Fora, Bolsonaro’. “Na luta pelo ‘Fora Bolsonaro’ cabe todo mundo e temos que receber bem quem está vindo pela primeira vez na Paulista”, disse o dirigente.

O Ato unificado

Organizado pela CUT, demais centrais sindicais e movimentos populares que integram as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o ato teve a adesão de partidos políticos de diferentes ideologias. Ao todo, lideranças e grupos de 22 partidos foram à Avenida Paulista.

“Nossas diferenças hoje são menores do que o objetivo comum e derrotar Bolsonaro. Mas esperamos que os partidos se coloquem com suas bancadas na defesa do impeachment no Congresso Nacional. Que esse ato seja um primeiro passo para termos uma frente política ampla contra Bolsonaro”, afirmou Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto e ex-candidato à Presidência da República pelo Psol.

A concentração em São Paulo começou logo às 13h, com uma intervenção cultural com apresentação do grupo Mistura Fina, seguida de um ato interreligioso com participação de líderes de diversas regiões. Característica da capital do Brasil, a mistura dos mais diversos sotaques, raças, cores e credos tomaram a avenida Paulista.

“Lembra o movimento Diretas Já, em 1984. Um número crescente de pessoas marchou e chegou até um milhão no Anhangabaú”, disse o vereador de São Paulo, Eduardo Suplicy (PT), em entrevista à TVT. Suplicy afirmou que o Brasil precisa de um presidente que cumpra o que está na Constituição de 1988 – o objetivo de erradicar a pobreza e promover igualdade social como está na Carta Magna.

Lideranças

Presentes ao ato, diversos líderes e personalidades políticas, de diversos partidos, reforçaram os motivos do ‘Fora, Bolsonaro’. Fernando Haddad, do PT, ex-ministro da Educação, considerou um descalabro o que acontece na condução do enfretamento à pandemia da Covid-19 no Brasil.

“Tivemos uma demonstração de que teve gente que usou a doença para ganhar dinheiro. Em vez de se preocupar com a saúde, se preocuparam com o próprio bolso, com tratamento ineficaz. Nós precisamos superar isso”, disse Haddad.

O coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, ressaltou a importância de a avenida Paulista estar lotada neste dia. “Tem todas as bandeiras e cores com o objetivo de derrubar o presidente, acabar com a fome, com a miséria, com o genocídio de indígenas, com a violência contra a população negra e em defesa de democracia. Queremos Bolsonaro fora do Brasil”, disse.

Também presente ao ato,  a deputada Federal Jandyra Feghali (PCdoB) afirmou que o ato não é um momento eleitoral, mas um momento de união entre as forças que se opõem a Bolsonaro com o propósito de salvar o Brasil. Ela destacou também os cuidados com a segurança sanitária.

“A gente vê um movimento em que as pessoas estão todas de máscaras, com álcool gel, se preocupando com a disseminação do vírus”, disse a deputada.

Ex-candidata a vice-presidente na chapa de  Haddad, em 2018, Manuela D´Ávila lembrou que as mulheres foram as primeiras a irem às ruas para denunciar o que seria esse governo.

Em entrevista à CUT-SP, Juneia Batista, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, afirmou ainda que uma nova e mais forte caminhada das mulheres contra Bolsonaro será realizada.

“A gente sabe o peso que [as mulheres] têm, mas temos que ajudar e orientar ainda mais outras mulheres a ir paras as ruas”, disse a dirigente.

Além de representantes de partidos como PSDB, Ciro Gomes (PDT) e Marcelo Freixo (PSB) também foram à Paulista.

Financiamento

Ônibus e vans de diversas regiões do estado se organizaram para ocupar a Paulista. Atos nas cidades foram programadas para serem realizados na parte da manhã, justamente para que pudessem, posteriormente, se dirigir a São Paulo.

Ponto importante a ser considerado em relação às manifestações deste 2 de outubro é que, diferente de manifestações pró-Bolsonaro, em que a própria máquina do governo e o apoio financeiro de empresários bolsonaristas bancou os protestos, as manifestações populares são realizadas com recursos próprios. E são escassos.

Dirigente da CUT São Paulo, Valdir Fernandes, o Taffarel, afirmou que que “mesmo com dificuldades financeiras, caravanas de diversas cidades do interior do estado de São Paulo se propuseram a não arredar pé da luta e seguiram à capital paulista para gritar fora Bolsonaro’.

Atos em outras capitais na tarde deste sábado

De pequenas cidades, médias e nas capitais, durante todo o dia milhares de manifestantes em todo país pediram Fora Bolsonaro, neste 2 de outubro. Veja abaixo.

Brasilia

Na capital federal, a concentração começou às 15h e, em seguida, teve caminhada da até o Congresso Nacional. Chamou a atenção, assim como em vários outros locais, um botijão de gás inflável com os dizeres “Tá Caro? Culpa do Bolsonaro”, denunciando o alto preço do gás de cozinha que em alguns lugares já chega a R$ 135.

Trabalhadores de estatais como dos Correios também participaram. Amanda Corsino, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios de Brasília, lembrou que a estatal, ameaçada de privatização pelo governo Bolsonaro, é uma empresa lucrativa e que chega a todos os cantos do país. “Tem uma função social que a inciativa privada não tem por isso temos que defender os Correios”, disse a dirigente.

O ato em Natal, no Rio Grande do Norte , foi na Avenida Salgado Filho. Milhares de pessoas saíram às ruas porque não aguentam mais este governo genocida, negacionista, que só retira direitos dos trabalhadores e ainda quer acabar com o serviço público gratuito com a reforma Administrativa.

No Piauí, a população da capital Teresina, ocupou a Praça Rio Branco. O ato contou com a presença de categorias de trabalhadores como bancários e construção civil, entre outros.

Os mineiros também pediram o impeachment do presidente na capital, Belo Horizonte. Os movimentos sociais se encontram organizados nesta tarde, na Praça da Liberdade, para ampliar a luta pelo Fora Bolsonaro, para fazer frente às atrocidades vividas pelo povo brasileiro que se equilibra entre o Covid-19 e a fome.

 

Na capital capixaba, Vitória (ES) o ato pelo Fora Bolsonaro se concentrou em frente da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), enquanto petroleiros se manifestaram em frente à sede da Petrobras no estado.

Em Florianópolis, Santa Catarina, após a concentração no Largo da Alfândega, milhares caminham pelas ruas do centro da capital.

Milhares de pessoas também se manifestarem em Curitiba (PR). A concentração do ato é na Praça Santos Andrade.

Em Porto Alegre (RS) a manifestação pelo Fora Bolsonaro teve início no Largo Glênio Peres, no início da tarde.

Teve gente que ainda teve bom humor para criticar o negacionismo de Bolsonaro. Uma mulher saiu fantasiada de Jacaré, animal que, segundo o presidente, as pessoas que se vacinassem se tornariam.

Os gaúchos também saíram em passeata pedindo  impeachment do presidente. Em Pelotas, os manifestantes saíram em caminhada pelas ruas da cidades.

Em Teofoli Otoni, Minas Gerais, as organizações populares se juntaram no centro da cidade neste sábado, para se manifestarem em defesa da vida e contra a carestia causada pelo governo de Jair Bolsonaro.

A bandeira da CUT por #ForaBolsonaro esteve em todos os cantos de Santa Catarina neste sábado. Em Timbó, cerca de 60  manifestantes realizaram um ato na Praça Frederico Donner.

Ato no exterior

Brasileiros e lusitanos do Coletivo Andorinha se uniram no Largo Camões, Lisboa, Portugal. Com dezenas de cruzes eles criticaram o negacionismo do presidente brasileiro em relação à pandemia da covd -19 que matou quase 600 mil pessoas.

CUT

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