Maia critica ameaça de Bolsonaro e diz que tom gera ‘insegurança’ e ‘esgarça relações’

Este é o segundo recado desta semana que o presidente da Câmara manda ao Planalto afirmando a necessidade de “respeito às instituições

Pela segunda vez na semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mandou recados a Jair Bolsonaro e classificou como “muito ruim” a declaração do mandatário na manhã desta quinta-feira (28), quando ele insinuou que não cumprirá mais as ordens do Supremo Tribunal Federal.

″Obviamente, ordens absurdas não se cumprem. E nós temos que botar um limite nessas questões”, afirmou o presidente em frente ao Palácio da Alvorada nesta manhã. “Não teremos mais um dia igual a ontem. Chega! Estou com as armas da democracia”, ameaçou o mandatário, em referência à operação da Polícia Federal autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que mirou bolsonaristas no inquérito de fake news.

“As declarações de hoje são muito ruins. Vão no sentido contrário de tudo que a gente começou a construir desde a semana passada. Vão em outro caminho, um caminho que gera insegurança. O que faz o governo e o que fala o presidente precisam ter convergência e sinalizar para a sociedade que estaremos focados e avançando no caminho de salvar vida, emprego e renda, e que as decisões de outros Poderes precisam ser respeitadas. Não se pode achar que só aquilo que nos agrada é correto quando outro poder tomar decisão”, disse o deputado.

O tom do presidente pela manhã foi mesmo elevado: “Acabou, porra! Me desculpem o desabafo. Acabou! Não dá para admitir mais atitudes de certas pessoas individuais, tomando de forma quase que pessoal certas ações”.

Para Maia, quando Bolsonaro fala desse modo, ele “vai esgarçando as relações”.

Jair Bolsonaro também disse que os brasileiros esperam “patriotismo” e “compromisso com o Brasil”. “Pelo amor de Deus, o objetivo dessa ação [operação deflagrada na quarta] é atingir quem me apoia. Se eu tivesse feito algo contra a esquerda, estariam dando pancada em mim. Eu convivo com a esquerda, posso não suportar, mas convivo”, afirmou.

Como fez na terça (26), quando discursou no plenário, o presidente da Câmara voltou a pedir “respeito institucional”. “A Câmara respeita decisões do STF, por mais que possamos criticá-las. Não se pode passar a mensagem que o Poder Executivo não vai respeitar alguma decisão de outro Poder. Vamos organizar os cacos desse momento para reafirmar a nossa democracia. Não há nada mais importante que a nossa democracia”, completou Maia.

Anteontem, Rodrigo Maia já havia mandado indiretas ao Palácio do Planalto afirmando que os “ministros do STF sabem que esse Parlamento respeita e cumpre as decisões judiciais, mesmo quando delas discorda”.

A primeiro mensagem ocorreu após o final conturbado da semana passada, com a divulgação do vídeo da reunião interministerial de 22 de abril que virou objeto do inquérito contra Bolsonaro que corre no STF, nas mãos do ministro Celso de Mello. Antes da gravação ser publicizada, contudo, o chefe do Gabinete de Relações Institucionais (GSI) da Presidência da República, general Augusto Heleno, divulgou uma nota em tom considerado “autoritário” e “ameaçador”.

Seguiu-se o enquadramento do chefe da Educação, Abraham Weintraub, no inquérito das fake news, pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, na segunda (25), e um pedido para que ele deponha à Justiça em até cinco dias.

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