Novo pronunciamento de Bolsonaro não afasta imagem de governante inábil e desqualificado

Por Railídia Carvalho

“Bolsonaro é um governante que não tem qualificações para exercer as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo e muito menos a de líder de uma nação”, afirmou Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Em entrevista ao portal CTB, ele declarou que o presidente Jair Bolsonaro perdeu a oportunidade em cadeia nacional nesta terça-feira (31) de mostrar que o governo trata de fato como urgência a renda emergencial para trabalhadores informais.

Segundo Toninho, Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, têm usado de pretextos para adiar a sanção da renda emergencial. “Querem poderes absolutos para reduzir a dependência deles do Congresso e dizem que é necessário uma alteração constitucional. Isso não se sustenta, até o Tribunal de Contas da União (TCU) disse que não é preciso PEC para sancionar a renda emergencial”, lembrou.

Na opinião do diretor do Diap, Bolsonaro mudou o tom no pronunciamento de terça-feira não por opção própria mas porque está acuado e quer recuperar o apoio que tem perdido no combate ao coronavírus. “Ele evitou tratar da data comemorativa do golpe militar porque está acuado mas não perde a característica de manipular bases como fez descontextualizando o discurso do diretor da Organizacao Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Bolsonaro distorceu falas de Tedros afirmando que a entidade defende a imediata retomada das atividades econômicas quando a OMS defende o isolamento social mas pede que os países protejam os trabalhadores e aqueles mais vulneráveis.

Centrais fazem o que o governo federal deveria fazer

Negligência é a palavra usada pelo sindicalista Adilson Araújo para definir as ações do presidente. “O governo é impotente diante dos graves problemas que afligem o país nessa pandemia de coronavírus (Covid-19). E a situação piora quando o presidente Jair Bolsonaro, se comporta de uma forma intoleravelmente irresponsável. Definiu a pandemia como uma “gripezinha” e se opôs abertamente às recomendações da OMS e do próprio Ministério da Saúde para conter o corinavírus. É uma posição absurdamente negligente”, completou Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Para Adilson Araújo o atual governo usa de dois pesos e duas medidas sem considerar a situação grave provocada pela pandemia. “O quadro se agrava e o que vemos: um presidente célere para o atendimento dos bancos liberação de R$ 1,2 trilhão e a morosidade para autorizar o pagamento da renda mínima emergencial de 600 reais para socorro dos trabalhadores informais e das pessoas de maior necessidade já aprovada pelo Congresso Nacional”.

Toninho concorda com Adilson e afirma que a situação de calamidade não permite pretextos que atrasem um assunto prioritário como a renda emergencial. Ele elogiou a ação dos movimentos sociais, especialmente das centrais sindicais, e dos partidos de oposição na construção do projeto da renda emergencial. “A grande imprensa não deu destaque aos sindicatos e nem à oposição preferindo dar protagonismo aos presidentes da Câmara e do Senado mas a participação dessas entidades foi fundamental para garantir renda para os trabalhadores neste momento”.

Toninho destacou ainda que ao lado da luta pela garantia de emprego e renda para trabalhadores impactados pelo coronavírus é necessário retomar a representatividade dos sindicatos na defesa do trabalhador. A reforma trabalhista foi um duro golpe no papel constitucional dos sindicatos como representantes das categorias. “Ao mesmo tempo em que debate a garantia dos empregos e da renda é importante estabelecer regras de que não haverá nenhuma flexibilização no mundo do trabalho sem que seja pactuado com as entidades sindicais”.

CTB

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