Pagamento do 13º salário pode injetar R$ 291 bilhões na economia

Ainda que parte do valor possa ser usado para pagamento de dívidas que acometem boa parte das famílias, valor extra ajuda a aquecer o consumo no final de ano

por Priscila Lobregatte

Tem início nesta semana o pagamento do tão aguardado 13º salário, garantido a 88,7 milhões de trabalhadores com carteira assinada. A primeira parcela do benefício deve cair na conta até esta quinta-feira (30). E a segunda, deve ser depositada entre os dias 1º e 20 de dezembro.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o 13º deverá injetar cerca de R$ 291 bilhões na economia brasileira. O montante equivale a aproximadamente 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

“Para os assalariados formais dos setores público e privado, que correspondem a 52,3 milhões de trabalhadores, excluídos os empregados domésticos, a estimativa é de que R$ 199 bilhões serão pagos a título de 13º salário, até o final do ano”, destaca o Dieese.

A maior média do valor do 13º será paga aos trabalhadores do setor de serviços (R$ 4.460). A indústria aparece com o segundo valor, equivalente a R$ 3.922; e o menor fica com os trabalhadores do setor primário da economia, R$ 2.362. No caso dos aposentados e pensionistas do INSS, o 13º foi antecipado e pago em duas parcelas entre maio e julho, como vem ocorrendo nos últimos anos.

“O pagamento do 13º salário é bastante positivo, não apenas pela quantidade de dinheiro injetada na economia, mas também porque gera expectativas positivas nos empresários. E este é um momento em que aumenta a demanda por emprego”, explica, ao Portal Vermelho, Marcelo Pereira Fernandes, professor do departamento de Economia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Não à toa, o comércio espera o maior número de contratações de trabalhadores dos últimos dez anos devido às festas natalinas, com o preenchimento de 108,5 mil vagas. Se confirmado, este será o maior desde 2013, quando 115,5 mil pessoas ocuparam vagas temporárias nesse período. O número representa um crescimento de 5,6% em relação ao ano passado.

Endividamento e consumo

Marcelo Pereira Fernandes aponta, no entanto, que parte do benefício poderá ser usada para pagar dívidas, mesmo com o bom desempenho e alcance do programa Desenrola Brasil, de maneira que nem tudo será destinado ao consumo imediato. “Ainda temos um alto nível de endividamento das famílias, em torno de 75%. Então, boa parte delas vai usar uma fatia do 13º para pagar suas dívidas ou o serviço da dívida”, salienta.

Segundo Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), publicada no dia 7 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), entre setembro e outubro deste ano, a parcela de endividados caiu de 77,4% para 76,9% — este percentual é menor do que o do mesmo período do ano passado, quando atingiu 79,2%. De acordo com a Confederação, esta foi a quarta queda consecutiva do ano.

Para a economista da CNC, Izis Ferreira, “as condições de consumo estão mais favoráveis, com a inflação mais baixa, mercado de trabalho formal absorvendo trabalhadores de menor instrução e juros em processo de queda. Esses fatores estão ajudando a melhorar as condições financeiras dos lares, reduzindo a necessidade de recorrer ao crédito”.

Além disso, completou, “as políticas de transferência de renda, como a valorização do Bolsa Família e os saques alternativos do FGTS, têm contribuído para aumentar a renda disponível e reduzir o número de consumidores endividados.”

Do Vermelho

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