Rodada de negociação entre Saep-DF e Sindepes avança com pontos de divergência e compromisso com o diálogo

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) acompanhou, nesta quarta-feira (28), mais uma rodada de negociação entre o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado (SAEP) e o Sindicato dos Docentes e Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Superior (SINDEPES). A reunião, que tratou da cláusula econômica da Convenção Coletiva de Trabalho, evidenciou a divergência entre as expectativas dos trabalhadores e as propostas apresentadas pelo setor patronal.

O patronal propôs um reajuste salarial de 80% do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), fracionado em duas etapas: 3% de imediato e 1,25% a partir de setembro. Segundo os representantes das instituições de ensino, a oferta reflete as dificuldades econômicas enfrentadas pelo setor diante da inflação crescente e dos altos índices de inadimplência estudantil.

Também foi mencionado que muitas instituições estão negociando “no vermelho”, e que a proposta tem o objetivo de construir uma solução viável e sustentável, respeitando os limites financeiros vivenciados pelo setor privado de ensino superior.

Trabalhadores reforçam: Reposição integral da inflação é o ponto de partida

A proposta, no entanto, foi considerada insuficiente pelos representantes dos trabalhadores. O assessor jurídico da Contee, José Geraldo Santana, destacou que a reposição da inflação não representa ganho, mas sim a manutenção do poder de compra dos trabalhadores.

“Não se pode começar uma negociação abaixo da inflação. A inflação corrói os salários e empobrece a categoria. Repor as perdas é o mínimo para um debate coerent”, afirmou.

A presidente do SAEP, Maria de Jesus da Silva, afirmou que é importante buscar uma saída mais justa e equilibrada:

“Pedimos que o pleito seja mais uma vez levado aos donos das instituições. Precisamos chegar, ao menos, à reposição integral da inflação, pois isso é essencial para a valorização da categoria e para o equilíbrio das relações de trabalho”.

Romênia Mariani/Secom Contee

Bolsas de estudo e inadimplência

Outro tema abordado foi o das bolsas de estudo, com ênfase no curso de Medicina. O setor patronal expressou preocupação com o impacto financeiro desse benefício e defendeu a necessidade de rediscutir critérios e limites.

Representantes do SAEP sinalizaram abertura para o debate, desde que isso não comprometa os direitos dos trabalhadores, especialmente em relação ao reajuste salarial.

Além disso, foi destacado o aumento da inadimplência nas instituições, o que tem pressionado os orçamentos e exigido soluções criativas para manter o funcionamento dos cursos.

Assédio moral no chão da escola

Durante a reunião, trabalhadores relataram episódios recorrentes de assédio moral no ambiente escolar, incluindo humilhações, cobranças excessivas, metas inatingíveis e pressões que afetam a saúde mental e emocional dos profissionais.

A Contee reforça que o combate ao assédio moral deve ser prioridade nas instituições. Promover um ambiente de trabalho saudável e respeitoso é fundamental para a qualidade da educação e para a dignidade dos profissionais da educação.

Próxima reunião: 4 de Junho

A próxima rodada de negociação entre SAEP e SINDEPES está agendada para o dia 4 de junho. Apesar das divergências, as partes mantêm o compromisso com o diálogo e com a construção de uma proposta que contemple tanto a realidade das instituições quanto os direitos e necessidades dos trabalhadores.

A Contee reafirma seu papel como defensora da educação de qualidade e do respeito aos profissionais da área, acreditando que o caminho do diálogo e da negociação é o mais eficaz para alcançar soluções justas e sustentáveis.

Por Romênia Mariani

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