Sinpro-ABC: Basta!

Nos dicionários, a palavra “basta” representa uma ordem para interromper algo que está em andamento. E é com essa palavra que o Sindicato dos Professores de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, Sinpro-ABC, clama para que seja interrompido um governo que – em essência – sequer começou, e que se apequena a cada ato ou declaração, perdendo a sua legitimidade junto às instituições republicanas e organizações sociais e que coloca em risco a vida dos mais vulneráveis em virtude da pandemia do Covid-19.

Quando o líder da nação desautoriza as determinações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e seu esforço na luta contra o vírus no planeta, e contrariando também as orientações de seu próprio ministro da saúde, convoca, comparece e abraça correligionários nas manifestações a favor de seu governo e contra o Congresso e o STF no domingo (15/03/20), ele transmite um recado à nação de que o problema não é grave e se coloca na contramão das decisões duras, mas necessárias, que a maioria dos líderes mundiais vêm tomando.

Para piorar esse quadro, em meio ao grande medo que toma conta das trabalhadoras e trabalhadores pelas incertezas provocadas pela quarentena do COVID-19, o presidente Jair, na calada da noite, publica a MP 927/20, que interrompe os contratos de trabalhos E RETIRA SALÁRIOS por até 4 (quatro) meses. O objetivo dessa medida era resguardar apenas os empresários e grupos econômicos que já são fortes e consolidados, ou seja, os mais poderosos. A classe trabalhadora e os micros e pequenos empresários ficaram totalmente desprotegidos de políticas públicas, lançados à própria sorte, jogados na linha de frente do enfrentamento da crise econômica provocada pelo Covid-19.

Horas mais tarde, temendo a opinião pública, alegando erro na redação pelo desvairado ministro Paulo Guedes, o presidente retira o trecho que previa a suspensão dos contratos e dos salários, mas a crueldade permanece no artigo segundo da “MP da Morte”, que autoriza acordos individuais entre empregadores e empregados. Essa condição expõe os trabalhadores a um risco grande de perda de direitos históricos, renda e chance de sobrevivência na crise. Parece que esse governo e os empresários que o apoiam querem se aproveitar de uma crise sanitário-econômica, sem precedentes no mundo moderno, para ampliar seus lucros sobre a exploração do trabalhador.

O Sinpro-ABC exige das autoridades competentes a revogação total da MP 927/20 – a “MP da Morte”.

A crise econômica causada pela pandemia deve ser discutida em segundo plano, o que importa neste momento é a preservação das vidas e a interrupção da propagação do vírus. Mas os problemas financeiros têm sim solução. O Brasil é um país com uma desigualdade profunda, paraíso dos banqueiros e multimilionários que acumulam riquezas e não pagam impostos sobre lucros e dividendos. Não podemos ter justiça social quando 1% da população brasileira ganha 33,8 vezes mais que 50% da população mais pobre, onde 10% da população concentra quase a metade da massa de rendimentos do país.

O Sinpro-ABC defende a taxação das grandes fortunas. Todos devem dar a sua contribuição neste momento, não só a classe trabalhadora.

Como se não bastasse tudo isso, ontem (24/03/20), numa total demonstração de descontrole e descolamento da realidade, o presidente Jair fez um pronunciamento em cadeia nacional, no qual minimizou os efeitos do vírus, questionou o cancelamento das aulas nas escolas e universidades e mostrou-se mais preocupado com o fator econômico do que com as vidas que serão perdidas caso o avanço da COVID-19 não seja controlado e pediu ao povo que retomasse suas atividades e abandonasse a quarentena.

Ontem os limites aceitáveis foram ultrapassados e o presidente, que aparenta sérios problemas cognitivos, demonstra também falha de caráter, falta de empatia com os que sofrem, despreparo e ausência de espírito de liderança para conduzir a nação inteira à superação da crise.

É hora das instituições republicanas e de todos os setores sociais se unirem e dizerem: BASTA!

É o que pensa o Sinpro-ABC.

25 de março de 2020.

Do Sinpro-ABC

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