Sinpro/RS: Atos pela democracia movimentaram Porto Alegre

Manifestantes saíram do Julinho, caminharam até o Piratini e fizeram ato de encerramento no prédio do Direito da Ufrgs contra as falas antidemocráticas do presidente Bolsonaro

Esta quinta-feira, 11 de agosto ou #11A, foi marcada por atos em todo o país em defesa da democracia e estado de direito, do sistema eleitoral brasileiro e por eleições livres. Trata-se de um dia nacional de mobilização, convocado por movimentos estudantis, centrais sindicais, movimentos populares e entidades da sociedade civil em resposta aos discursos de teor antidemocrático do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus seguidores.

Neste dia 11, que também é comemorado o Dia do Estudante – data em que foi assinada a fundação da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1937 – a mobilização iniciou cedo. Os manifestantes se concentraram no começo da manhã em frente ao Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho, no bairro Azenha, da capital gaúcha. A escola é considerada um dos berços do movimento estudantil gaúcho e símbolo de resistência durante o período de repressão nos governos militares (1964-1985).

Dalí, partiram em marcha, passando por volta das 9h30min no Campus Centro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e seguindo até o Palácio Piratini para realizar um ato, às 10h, cobrando o governador Ranolfo Vieira Jr (PSDB), que assumiu após a renúncia de Eduardo Leite (PSDB), para que envie um projeto de reajuste do salário mínimo regional para a Assembleia Legislativa.

A carta da USP

Logo depois, a caminhada culminou com ida até a Faculdade de Direito da Ufrgs, onde foi realizada a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, lida igualmente no mesmo horário em atos que ocorreram em todo o país. O texto elaborado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) já conta com quase um milhão de assinaturas.

“Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições. Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional. Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.”, diz a carta lida no ato pelo professor Luiz Renato Pereira da Silva, integrante do Conselho do Curso de Direito da Ufrgs e pela estudante Jenifer Machado dos Santos.

A carta da Ufrgs

A professora Ana Paula Mota Costa, vice-diretora do curso de Direito e a estudante Jessica Moller, do Centro Acadêmico André da Rocha (CAAR) leram a manifestação do Conselho da Faculdade de direito da Ufrgs à comunidade gaúcha.

“No mês em que se comemora os 195 anos da fundação dos cursos jurídicos no Brasil, a Faculdade de Direito da Ufrgs que tem dado grande número de profissionais que ocuparam e ocupam, posições de alta responsabilidade na construção da democracia brasileira vem manifestar seu compromisso na defesa do sistema constitucional pátrio. Este compromisso se traduz no repúdio a qualquer suspeição aos sistema eleitoral que tanto tem orgulhado a nação brasileira e na defesa dos ideais democráticos pelos quais esta faculdade tem se pautado”, disseram, ao ler o documento.

Assistiam, no interior do prédio do Direito da Ufrgs, autoridades, parlamentares estaduais e federais, além de representantes de entidades do campo democrático, ex-prefeitos e governadores. Do lado de fora, centenas de manifestantes entoavam cânticos de protesto e “fora Bolsonaro” ao som de tambores. A íntegra pode ser conferida no YouTube.

Para Jobim o ódio inviabiliza a democracia

Falou o ex-aluno universidade e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim falou em videoconferência. Também estava prevista a fala do também ex-presidente do STF Neri da Silveira, ex-professor da Ufrgs, mas devido a idade avançada, 90 anos, não foi possível. Na rua, em frente ao prédio, centenas de manifestantes acompanhavam pelo telão e entoavam cânticos de protesto e de “fora Bolsonaro!” ao som de tambores.

Em sua fala, Jobim lembrou da importância da transição anterior feita no governo Sarney que redefiniu o papel dos militares e fez a transição para o governo civil. Destacou a importância de recuos pessoais de lideranças políticas para obter consensos. “Hoje se introduziu um fato novo, que é o ódio. Este componente barra o diálogo e o consenso. Ele anula a capacidade da política em buscar consensos”, analisa. Sua fala foi interrompida por problemas na transmissão.

Defesa das Urnas

“As urnas eletrônicas e o sistema eleitoral não possuem as falhas que temos na nossa internet”, cravou a diretora do curso de Direito, Cláudia Lima Marques, ao se desculpar pela interrupção na transmissão da fala de Jobim, durante o encerramento do ato.

Do jornal Extra Classe, do Sinpro/RS

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