Testemunha envolve vereador e miliciano no assassinato de Marielle Franco, diz jornal

Uma testemunha que trabalhou para uma milícia do Rio de Janeiro procurou a polícia para acusar, em troca de proteção, um vereador e um ex-policial de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), executada a tiros na noite de 14 de março. As informações são do jornal O Globo. Na ação, o motorista Anderson Gomes também foi atingido e morreu e uma assessora foi ferida por estilhaços.

Segundo a reportagem, o delator, cujo o nome não foi revelado, afirmou que o vereador Marcello Sciliano, do PHS, e Orlando Oliveira de Araújo – um ex-PM que está preso acusado de comandar uma milícia – planejaram o assassinato da vereadora. Ele também informou os nomes de quatro homens escolhidos pela dupla para cometer o crime que, segundo a testemunha, começou a ser arquitetado em junho do ano passado. Procurado pelo O Globo, Siciliano disse não conhecer o ex-PM Orlando Oliveira e afirmou, ainda, que a informação se trata de uma notícia “totalmente mentirosa”.

Em três depoimentos à Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil, o homem deu informações sobre datas, horários e até locais de reuniões entre o vereador e o miliciano. Ele teria presenciado pelo menos quatro conversas entre o político e o ex-PM. Segundo a testemunha, a desavença entre o vereador e Marielle foi motivada pela expansão das ações comunitárias da parlamentar do PSOL na Zona Oeste e sua crescente influência em áreas de interesse da milícia, mas que ainda seriam controladas pelo tráfico. Ainda de acordo com o delator, a vereadora passou a apoiar os moradores da Cidade de Deus e comprou briga com o ex-policial e o vereador, que tem uma parte do seu reduto eleitoral na região. Pelo menos dois homens foram mortos depois do assassinato de Marielle como queima de arquivo, segundo o relato da testemunha. Uma dessas vítimas teria sido Carlos Alexandre Pereira Maria, de 37 anos, morto em 8 de abril.

O homem contou à polícia que instalava equipamentos de TV e foi ameaçada de morte e obrigada a trabalhar para os milicianos. “Fui coagido: ou morria ou entrava para o grupo paramilitar. Virei uma espécie de segurança dele. Também ficava responsável por levar o filho para a escola; acompanhava a mulher de Orlando para compras em shoppings”, contou a testemunha à Delegacia de Homicídios do Rio, segundo O Globo.

Desde o assassinato de Marielle e Anderso, a polícia não prendeu nenhum suspeito do crime. A principal hipótese levantada pela Polícia Civil é de que o assassinato teve motivações políticas e foi encomendado por milicianos. Marielle trabalhou, em 2008, na CPI das milícias ao lado do seu companheiro do PSOL e deputado estadual Marcelo Freixo. Por não sofrer ameaças, ao contrário de Freixo, a vereadora não contava com um esquema de segurança pessoal e era um alvo fácil. Um total de 10 vereadores já prestaram depoimentos como testemunhas para a Divisão de Homicídios da Polícia Civil, inclusive o vereador Marcello Siciliano, apontado agora por essa nova testemunha de ser um dos mandantes do crime. O parlamentar do PHS já foi citado em um relatório da Polícia Civil sobre a influência das milícias em Jacarepaguá nas eleições de 2014.

El País

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