Entrevista com a coordenadora da Secretaria de Políticas Internacionais da CONTEE, Maria Clotilde Lemos Petta

Qual o papel da Secretaria de Políticas Internacionais da CONTEE?

A CONTEE, desde sua fundação em 1990, estabeleceu como princípio estatutário, no que se refere às relações internacionais, o relacionamento independente e solidário com o movimento sindical internacional. Nesta perspectiva, a Confederação estabelece relações com entidades internacionais e mundiais que congregam trabalhadores em geral e especialmente os trabalhadores em educação.

No VIII CONATEE, realizado em agosto deste ano, partindo de uma avaliação de que é necessário ter uma atuação mais planejada e sistematizada, foi aprovada a criação da Secretaria de Políticas Internacionais. Entre as competências definidas para esta nova secretaria destaca-se o aprofundamento do debate sobre a questão internacional visando à formulação e definição de políticas internacionais da CONTEE. O desafio colocado para a Confederação é aprofundar os contatos com entidades de diferentes países, visando construir plataformas comuns de luta contra as políticas neoliberais para as relações de trabalho e educação.

Consideramos que nossa Confederação, mais estruturada, poderá exercer o papel estratégico que lhe cabe na construção de uma ampla frente, de caráter anti-imperialista, na busca de uma nova ordem mundial baseada na paz, na autodeterminação dos povos e no desenvolvimento econômico e social.

Como os movimentos sociais podem contribuir com a causa palestina?

É preciso considerar que desde a noite de quinta-feira, 22 de novembro, nova trégua passou a vigorar no confronto entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza. E está na pauta do encontro das Nações Unidas, marcado para o próximo dia 29, em Nova York, o pedido de elevação da Palestina ao status de Estado não membro, na condição de observador. Em entrevista à rede Brasil Atual, o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, declarou: “Esperamos que a comunidade internacional já vote a admissão da Palestina como Estado e a aí se comece um estágio à frente no processo de negociação”.

Sendo assim, este é um momento importante e exige que o movimento social cumpra seu papel no reforço da mobilização pró-Palestina. Em vários países crescem as manifestações pela Palestina Livre. No Brasil é importante reforçar o comitê que congrega partidos políticos, entidades sindicais, estudantis, personalidades e instituições comprometidas com a causa palestina.

No Fórum Social Mundial Palestina Livre, o comitê, entre outras ideias, defenderá a criação, de fato, do Estado da Palestina e a inclusão deste como membro pleno da ONU, com todos os direitos e deveres que tal decisão implica.

É preciso esclarecer que o Fórum não será um espaço de oposição a Israel. Sendo assim, a tentativa da Confederação Israelita do Brasil (Conib) de interferir e evitar a cessão de prédios públicos para a realização do Fórum Social Mundial mereceu repúdio de várias entidades e não deve ter êxito. Um Fórum amplo e que pede a paz deve ser apoiado por todos os que defendem a convivência pacífica entre os povos. E a CONTEE, coerente com seus princípios, participa e considera importante sua realização.

Qual papel político o Brasil pode exercer nessa luta pela Palestina Livre?

O Brasil vem assumindo um papel importante na construção da saída para esse conflito. Mais do que apoiar a causa Palestina, o Brasil faz campanha para que a Palestina seja reconhecida como Estado observador na ONU. Na próxima reunião, a Palestina terá que obter a maioria absoluta dos votos da Assembleia Geral da ONU, que possui 193 países. O Brasil, por meio de seu enviado especial para o Oriente Médio, Cesário Melantonio Neto, tem conversado com países da região latino-americana e caribenha, tentando obter adesão à causa palestina. Entre os países latino-americanos e do Caribe, a maioria deve votar a favor. No entanto, há dúvidas sobre a posição da Colômbia, da Jamaica e do Panamá, enquanto Chile e o México se mostram indecisos. Portanto, o posicionamento do Brasil é de grande importância.

Como será a participação da CONTEE e da secretaria no Fórum Social Mundial Palestina Livre?

A CONTEE integra o comitê organizador do Fórum Social Palestina Livre. No Fórum, está organizando uma mesa de debates, no dia 29, como evento autogestionado. O tema a ser debatido é Educação na Palestina, com exposição do professor Paulo Daniel Farah e apresentação de experiências de diretores da executiva que integraram a 1ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino, realizada em junho deste ano. Na ocasião será lançado o livrete “Justiça, paz e liberdade”, que relata a experiência que tiveram ao visitar aquela terra considerada sagrada para mais de três bilhões de pessoas da humanidade.

A CONTEE também assina um manifesto, subscrito por diversas entidades, em apoio às mobilizações populares de cidadãos que lutam por seus direitos inalienáveis ao retorno, ao seu Estado e à sua autodeterminação. Este manifesto já está disponível no portal da CONTEE.

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