Pandemia atrasa objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU e nações pobres são as mais afetadas

Pesquisa da Fiocruz Minas aponta prejuízo a metas da Agenda 2030 e piora em todos os indicadores avaliados

Um estudo brasileiro aponta que a pandemia da covid-19 vai atrasar o cumprimento das metas da Agenda 2030 em todo o mundo. A pesquisa da Fiocruz Minas observou indicadores de saúde de mais de 140 países e fez uma previsão para o período de 2021 até o prazo final dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Os resultados reforçam uma faceta conhecida do capitalismo: as nações mais pobres são as que mais vão sofrer as consequências. A análise revela que os países de baixa renda podem enfrentar um retrocesso de 16% em todos os indicadores avaliados, enquanto as nações de alta renda devem experimentar um declínio de 3%. Essa disparidade evidencia um agravamento significativo das desigualdades globais.

Todos os indicadores de saúde apontam para a piora da situação. As projeções para a década mostram uma queda acentuada no crescimento econômico, com os países de baixo rendimento sofrendo uma redução média de 42%, em comparação com queda de 7% para as nações de alta renda.

Dados

Nos países de baixa renda, o combate a violência e os cuidados com a saúde materna e reprodutiva devem sofrer retrocessos significativos. Essas nações lideram os índices negativos na maioria dos indicadores relativos ao bem-estar da população.

Os países de baixo rendimento devem passar ainda por uma desaceleração do combate a doenças infecciosas, que pode chegar a uma média de 33,8%. O resultado nas nações mais ricas foi de 6,4%. A disparidade alarmante pode impulsionar um possível ressurgimento de doenças que já estavam em declínio.

O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, mostrou-se um fator crucial em 15 indicadores analisados. Entre os mais afetados estão o atraso no crescimento infantil, a cobertura vacinal, a incidência de malária e doenças tropicais negligenciadas, além da mortalidade por doenças crônicas não-transmissíveis.

Nações com maior investimento no setor apresentaram melhores resultados em áreas como desnutrição infantil, imunização e mortalidade relacionada a desastres naturais e poluição.

Para chegar a essas conclusões, a pesquisa considerou o PIB per capita, o índice de Gini e os investimentos em saúde de cada país. As análises foram baseadas em projeções econômicas feitas antes e depois do início da pandemia.

Edição: Nicolau Soares

Do Brasil de Fato

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