Afagar a terra, defender a vida…

Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, a Contee celebra a terra, a água, o vento e o fogo — os elementos que, juntos, sustentam a existência e inspiram o sonho de um mundo mais justo, verde e solidário.

Celebrar a natureza é também reconhecê-la como casa comum, como corpo vivo que respira, sente e reage. É entender que cuidar da terra é cuidar de nós. Que desmatar um bioma é ferir a memória de milhares de espécies, inclusive a nossa. Que cada rio represado, cada floresta tombada, cada animal expulso, cada povo silenciado, fere um pouco mais o tecido do qual somos feitos.

Neste dia simbólico, a Contee também denuncia. Denuncia, com a força dos que educam e cultivam consciência, o avanço do Projeto de Lei 2.159/2021, o chamado PL da Devastação, que, sob o pretexto de “modernizar” o licenciamento ambiental, ameaça abrir as comportas para o desmatamento legalizado, facilitar obras predatórias e colocar ainda mais pressão sobre ecossistemas já em colapso.

Não há neutralidade quando se trata da vida. Flexibilizar leis ambientais é compactuar com o avanço da destruição. É dizer sim ao agronegócio que invade terras indígenas e quilombolas, sim à mineração que contamina rios e sonhos, sim à ganância que transforma florestas em cifras.

O climatologista Carlos Nobre já alertou: o Cerrado pode virar semiárido, o Pantanal pode desaparecer, a Amazônia pode chegar a um ponto de não retorno. É a vida pedindo socorro. É a natureza nos mostrando que não há progresso possível sem equilíbrio.

Mas a crise ambiental não é apenas ecológica. Ela é também política, social e civilizatória. Vivemos um tempo em que se tenta mascarar a destruição com discursos sobre transição energética e “capitalismo verde”. Um tempo em que se promete descarbonizar a economia sem mudar a lógica que transforma tudo — até o sol e o vento — em mercadoria. Um tempo em que a América Latina, rica em recursos e saberes, segue tratada como zona de sacrifício, ofertada ao extrativismo e à dependência tecnológica.

A Contee acredita que outra transição é possível. Uma transição ecossocial, que valorize as comunidades, respeite os modos de vida tradicionais, fortaleça a soberania dos povos e reconheça que não há sustentabilidade sem justiça. Porque não basta trocar a fonte da energia — é preciso mudar a fonte da lógica que nos trouxe até aqui.

Chamamos, com esperança e urgência, o Parlamento brasileiro à responsabilidade: digam não ao PL da Devastação. Chamamos a sociedade, os educadores, os estudantes, os trabalhadores de todas as áreas: é hora de resistir, de semear outra forma de viver, de cuidar da terra como se cuida de um filho, de um lar, de uma história.

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, recordamos que a educação é semente de transformação, e que a natureza, mesmo ferida, ainda pulsa. Se lhe dermos tempo e afeto, ela responde com frutos, com flores, com vida.

Como cantam Milton Nascimento e Chico Buarque em Cio da Terra:

“Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão.”

Que saibamos escutar o chamado da terra — e responder com coragem, ternura e luta.

Dia Mundial do Meio Ambiente – 5 de junho de 2025.

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – Contee

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