Bolsonaro começa a pagar pelos crimes que cometeu

Ao longo desta sexta-feira (30) o Tribunal Superior Eleitoral deve bater o martelo no julgamento do líder da extrema direita brasileira, Jair Bolsonaro, declarando-o inelegível pelos próximos oito anos. Na sessão desta quinta-feira (29) três ministros votaram. Dois (Floriano Marques e André Tavares) seguiram o entendimento do relator, Benedito Gonçalves, que na quarta-feira (28) expôs um longo e contundente parecer concluindo pela condenação do réu por notório abuso do poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

O placar ficou em 3 a 1, uma vez que o ministro Raul Araújo, divergindo de Gonçalves, absolveu o ex-presidente, uma atitude previsível, pois o juiz já havia tomado no passado decisões contravertidas para favorecer Bolsonaro, como a proibição de manifestações no festival Lollapalooza. Mas este não parecia satisfeito, ele queria e cobrou algo mais do magistrado, pediu publicamente que ele pedisse vista da ação para protelar a degola.

Placar final deve ficar em 5 a 2

É de se esperar um outro voto a favor do líder fascista, do ministro Nunes Marques, indicado por ele. Se esta hipótese se confirmar, o resultado final, que pode ser proclamado ainda nesta sexta-feira, deve ser de 5 a 2 pela inelegibilidade, pois além de Nunes devem votar a ministra Carmen Lúcia e o ministro Alexandre Moraes, que não parecem dispostos a perdoar Bolsonaro.

O processo em curso diz respeito a uma bizarra reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, na qual ele reiterou acusações sem provas contra as urnas eletrônicas, insinuou que as eleições de outubro seriam fraudadas e difamou ministros do STF.

O encontro, realizado no Palácio do Alvorada às vésperas da eleição e transmitido pela TV oficial do governo, foi uma das investidas mais ousadas do ex-presidente contra a democracia que culminaram na fracassa empreitada golpista de 8 de janeiro.

Conduta gravíssima

Na conclusão do seu longo e contundente parecer, o ministro Benedito Gonçalves afirma que “não há dúvidas da gravidade da conduta [de Bolsonaro], sob o aspecto qualitativo e quantitativo”. Para demonstrar a alta reprovabilidade da conduta o ministro menciona a exploração de bens, serviços e prerrogativas da Presidência da República “para construir um potente símbolo na disputa travada pelo investigado com o TSE” em torno das urnas eletrônicas.

Isto, conforme Gonçalves, “acentuou o caráter danoso da desinformação divulgada”. Em ato descrito como “de incomensurável gravidade”, Bolsonaro “fez uso de suas credenciais de Chefe de Estado e de Governo” par legitimar o acervo de desinformação repetida no evento, extrair vantagens nas eleições e fixar a premissa de que a vitória de Lula seria prova da ocorrência de fraude.

Curto-circuito institucional

Ao mesmo tempo, ficou evidente o propósito de “tentar convencer a comunidade internacional de que as
eleições brasileiras eram marcadas por fraudes sistêmicas e pela atuação corrupta do órgão de governança eleitoral, expondo para o mundo uma imagem negativa e inverídica da democracia brasileira”, o que contribuiu para manchar um pouco mais a imagem do Brasil, transformado pelo líder fascista num pária internacional.

O ex-presidente procurou “advertir as nações estrangeiras para não enviar missões de observação internacional ao Brasil, assumindo uma rota de colisão evidente com o TSE e, assim, deixando explícito para os convidados o curto-circuito institucional que o Presidente da República estimulava de
forma obstinada”.

A cadeia por destino

Esse é apenas um dos 16 processos que tramitam contra o golpista Jair Bolsonaro. Muitos outros crimes foram cometidos pelo chefe da extrema direita brasileira, contra toda a sociedade brasileira e a saúde pública na pandemia da Covid-19, contra as comunidades indígenas, vítimas de um verdadeiro genocídio, contra a classe trabalhadora, contra a democracia – o que inclui o 8 de janeiro.

A inelegibilidade é o primeiro passo na direção da Justiça, mas ainda é pouco. O lugar adequado para Bolsonaro expiar os graves crimes que cometeu contra a nação é a cadeia. Esta, por sinal, deve ser mesmo o seu destino, conforme previu o coronel golpista Jean Laward Junior nas mensagens comprometedoras que trocou com o tenente coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente.

Assista abaixo o comentário do jornalista Altamiro Borges sobre o assunto

CTB

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