9 de maio: A luta contra o nazifascismo não terminou em 1945

Hoje, 9 de maio de 2025, completam-se 80 anos da rendição incondicional da Alemanha nazista às forças aliadas e ao Exército Vermelho da União Soviética, encerrando oficialmente a Segunda Guerra Mundial na Europa. A assinatura da rendição ocorreu na noite de 8 de maio de 1945, em Berlim, mas, devido ao fuso horário de Moscou, já era 9 de maio na União Soviética — data que passou a ser celebrada como o Dia da Vitória na Grande Guerra Patriótica.

Neste dia, o mundo recorda a vitória histórica da humanidade contra a barbárie nazifascista. No entanto, mais do que uma comemoração do passado, o Dia da Vitória deve ser também um chamado à vigilância no presente. O fascismo não foi enterrado com a queda do Reichstag — ele se reinventa e ressurge com novas máscaras no cenário atual.

A derrota do nazifascismo em 1945 foi um feito civilizatório imenso, conquistado ao custo de 27 milhões de vidas soviéticas e de uma resistência heroica que mudou o curso da história. Foi a vitória do povo, da luta coletiva, da resistência popular armada e do compromisso com a liberdade e a justiça. Foi a vitória de mulheres como a atiradora de elite Lyudmila Pavlichenko, símbolo do papel fundamental das mulheres soviéticas na linha de frente contra o ódio racial, a limpeza étnica e o autoritarismo genocida.

Mas a história dessa vitória tem sido sistematicamente reescrita por uma ofensiva revisionista conduzida por potências ocidentais desde a Guerra Fria, com o objetivo de apagar o protagonismo soviético e mascarar o silêncio cúmplice que muitas “democracias” mantiveram diante da ascensão do fascismo nos anos 1930. Esse revisionismo é hoje parte de um projeto maior: o de naturalizar a ascensão de novas formas de autoritarismo neoliberal, racista e colonial.

Não por acaso, enquanto tentam esconder a bandeira vermelha hasteada sobre Berlim em 1945, esses mesmos setores silenciam diante do massacre em curso contra o povo palestino em Gaza. Desde outubro de 2023, assistimos a uma ofensiva militar brutal promovida pelo Estado de Israel, com bombardeios que já destruíram hospitais, escolas, universidades, abrigos da ONU e praticamente toda a infraestrutura civil da Faixa de Gaza, resultando em dezenas de milhares de mortos — a maioria, mulheres e crianças.

Esse genocídio em pleno século XXI é legitimado por potências ocidentais sob o pretexto da “autodefesa”, enquanto negam o direito à autodeterminação do povo palestino e sustentam política, econômica e militarmente um regime de apartheid, ocupação e limpeza étnica. O mesmo discurso que relativiza os crimes de guerra hoje, relativizou o avanço do nazifascismo no passado. A história cobra coerência: quem se diz defensor da democracia e dos direitos humanos não pode apoiar, direta ou indiretamente, a barbárie colonial promovida contra populações inteiras.

A Contee denuncia com veemência essa manipulação histórica e rechaça qualquer tentativa de equiparar vítimas e algozes, de apagar os horrores do nazifascismo ou de maquiar seus herdeiros contemporâneos. Os ataques contra as celebrações do Dia da Vitória em Moscou, as críticas à presença do presidente Lula na capital russa e a narrativa que tenta transferir o mérito da derrota do nazismo exclusivamente para os Estados Unidos e o Reino Unido fazem parte dessa lógica perversa.

Não se trata de defender governos, mas sim de defender a verdade histórica, a memória dos povos que resistiram e a urgência de enfrentar, com a mesma coragem de 1945, o avanço da extrema-direita em nossos dias. O mundo assiste novamente ao crescimento de regimes que promovem perseguições a minorias, criminalizam movimentos sociais, atacam direitos trabalhistas e educacionais, militarizam a política e instalam o medo como forma de governo.

Neste 9 de maio, a Contee reafirma seu compromisso com a memória antifascista e com a luta intransigente por justiça social, soberania dos povos e democracia real. A educação, os direitos trabalhistas e a liberdade de expressão estão entre os primeiros alvos de qualquer regime autoritário — e, por isso, os trabalhadores e trabalhadoras da educação têm papel estratégico na defesa da verdade, da memória e da resistência.

Lembrar o Dia da Vitória é também afirmar que nunca aceitaremos que o fascismo se normalize sob novas bandeiras, línguas ou uniformes. A vitória sobre o nazismo foi uma vitória da resistência, da solidariedade internacional, do povo armado contra a tirania. É essa herança que nos inspira a continuar lutando contra toda forma de opressão — das salas de aula às ruas, dos sindicatos aos parlamentos.

Não basta recordar o passado. É preciso lutar no presente. Porque o fascismo não será derrotado com silêncio — será vencido com organização, coragem e compromisso com a verdade histórica, com os direitos humanos e com a paz entre os povos.

Brasília, 9 de maio de 2025

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – Contee

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