Deu chabu no “desfile em carro aberto”. Só 300 foram receber Bolsonaro

Após três meses passeando nos EUA, Bolsonaro voltou e terá que comparecer à sede da PF já no dia 5. Ele não poupou elogios ao Tio Sam. Disse que aquilo sim é que é um país. “É o Estado brasileiro que deu certo”, afirmou o deslumbrado

O “papa-joias”, novo apelido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após suas tentativas de se apoderar das joias árabes, chegou ao Brasil por volta das 6h40 da manhã desta quinta-feira (30) depois de passar três meses flanando nos Estados Unidos. Ao contrário do que ele esperava, a recepção foi um grande fiasco.

Ele e seus comparsas falavam em multidão e planejavam até em fazer um desfile de carro aberto pelas ruas de Brasília. Não passou de 300 o número de bolsonaristas que apareceram no aeroporto da capital. O avião que o trouxe de Orlando estava adesivado com Harry Potter e parecia ter saído direto da Disneylândia para o Brasil.

Já antes de chegar, Bolsonaro, que não tem mais foro privilegiado, foi intimado a comparecer à sede da Polícia Federal no próximo dia 5 de abril. Ele terá que dar explicações sobre as diversas tentativas de se apropriar pessoalmente de joias que foram ofertadas pelos árabes ao patrimônio público. Bolsonaro tentou introduzir clandestinamente no país uma caixa com joias árabes no valor de R$ 16,5 milhões.

O flagrante da Receita Federal no Aeroporto Internacional de Gaurulhos, operado por um diligente funcionário da instituição, desvelou as joias escondidas no fundo de uma mochila de um então assessor do ministro das Minas e Energia, à época, Bento Albuquerque, frustrando os planos de Bolsonaro de se apropriar ilegalmente das relíquias ofertadas pelo governo da Arábia Saudita. Após a apreensão, Bolsonaro tentou oito vezes intimidar os fiscais da Receita para retirar e se apoderar das joias. É sobre isso que a Policia Federal quer ouvi-lo.

Durante todo o período em que esteve no governo, Bolsonaro demonstrou pouco interesse pelos problemas do Brasil. Ficou mais tempo passeando e se divertindo do que governando, enquanto o país vivia sérias crises, muita delas provocadas pelo próprio abandono do governo federal.

Em plena pandemia, o que se viam eram as frequentes motociatas e aglomerações irresponsáveis de quem não parava no Planalto. Durante temporais e alagamentos, atingindo populações de vários estados, e provocando mortes e desabrigados, o que se via eram passeios de lancha em praias paradisíacas ou desfiles de Jet Ski.

Assim que o povo brasileiro decidiu, pelas urnas, tirá-lo do governo, ele correu para os Estados Unidos – país que Bolsonaro considera modelo. Aliás, a tietagem era tanta que ele chegava a bater continência para a bandeira americana e seus filhos não saíam de lá. Agora, quando desembarcou no Brasil, depois de três meses de passeios em Orlando, ele chegou rasgando elogios às “maravilhas” dos EUA.

Ele disse que os EUA “é o Estado brasileiro que deu certo”. “Tudo lá é o que queremos implementar aqui também: a liberdade de expressão, propriedade privada, a questão da criminalidade, o legítimo direito à defesa. O que é mais importante? É liberdade para trabalhar, se expressar. Não o Estado que incha para fazê-lo crescer”, afirmou.

Bravata cínica, pois foi desse mesmo Estado inchado, segundo ele, que se beneficiou das famosas “rachadinhas” quando exerceu o mandato de deputado federal, herdando a mesma prática aos filhos, e as reproduzindo, em escala muito superior, ao longo de sua desastrada passagem pela Presidência da República.

O exemplo de “sucesso” dos EUA para Bolsonaro tanto admira é a perseguição a jornalistas como Julian Assange, os massacres quase diários com armas de fogo em escolas, as prisões arbitrárias e assassinatos de negros algemados. O “Estado enxuto” que ele fala é um país que tem 800 bases militares espalhadas por todo o planeta e gasta US$ 1 trilhão por ano só em armas. Sem falar dos quase meio trilhão de dinheiro público gastos para insuflar a guerra da Europa contra a Rússia. Para Bolsonaro, esse é o “modelo” que deu certo.

Aliás, por falar em Estado enxuto. Bolsonaro receberá uma remuneração do PL, ou seja, com dinheiro público, igual a de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O salário de um ministro do STF é o teto do funcionalismo público e, a partir de 1º de abril deste ano, será de R$ 41.650,92. Isso sem falar das aposentadorias que ele acumula. E, é claro, que sua mulher também assumiu uma boquinha no partido. Tudo muito bem remunerado.

Hora do Povo

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