Jair Bolsonaro foi responsável por três a cada cinco ataques à imprensa em 2019

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) apresentou nesta quinta-feira (16), no Rio de Janeiro, o relatório “Violência contra jornalistas e liberdade de imprensa no Brasil” com dados referentes ao primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Segundo os dados, em 2019, o presidente da República, sozinho, foi responsável por três a cada cinco ataques contra veículos de comunicação e profissionais do setor, o mesmo que 58% do total.

Bolsonaro ainda protagonizou todos os casos de descredibilização da imprensa registrados pela Fenaj, e outros sete casos de agressões verbais e ameaças diretas a jornalistas, acumulando 121 ocorrências. Em média, o presidente proferiu uma ofensa a cada três dias contra veículos de comunicação e jornalistas.

A maioria dos ataques foi em discursos e entrevistas do presidente, transcritos no site do Palácio do Planalto, ou no Twitter oficial de Bolsonaro. Para a Federação, as declarações do chefe de governo institucionalizam a hostilidade contra a imprensa.

“Os 114 casos de tentativa de descredibilização da imprensa constituíram-se na principal ameaça à liberdade de imprensa no Brasil. Essa categoria de violência não constou dos relatórios anteriores e foi criada em razão da institucionalização, por meio da Presidência da República, da crítica genérica e generalizada a veículos de comunicação e a jornalistas”, diz o relatório.

A ascensão de Bolsonaro afetou significativamente a liberdade de imprensa no Brasil. Segundo o levantamento, em 2019 o número de ataques a veículos de comunicação e jornalistas chegou a 208, número que representa um aumento de 54% em relação ao ano anterior quando foram registrados 135 casos.

Violência

A região sudeste do país continua sendo a mais violenta para jornalistas, com 44 casos registrados de ataques, repetindo a tendência dos últimos seis anos. O assassinato em razão do exercício profissional também cresceu em 2019. Os jornalistas Robson Giorno e Romário da Silva Barros, ambos com atuação em Maricá, região metropolitana do Rio, foram assassinados. Em 2018, havia ocorrido um caso de violência extrema contra a categoria e, em 2017, nenhuma.

Em comparação com o ano anterior a categoria injúria racial também aumentou. Dois casos de racismo foram registrados ano passado enquanto em 2018 nenhum. O monitoramento da Fenaj registrou o mesmo número de ocorrência que no ano passado nas categorias ameaças/intimidações e censuras, respectivamente, 28 e 10 casos.

Texto: Clívia Mesquita

Brasil de Fato

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