Lula mantém Juscelino Filho para evitar precedente para novas demissões

O presidente teria se incomodado com o silêncio do ministro logo após denúncias reveladas pelo ‘Estadão’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu manter Juscelino Filho (União Brasil) no cargo de ministro das Comunicações. Os dois estiveram reunidos por quase uma hora no Palácio do Planalto em um encontro provocado após uma série de denúncias reveladas pelo “O Estado de São Paulo”. De acordo com o jornal, o ministro usou um avião da FAB e recebeu diárias para assistir leilões de cavalo, sob a justificativa de que se tratava de compromissos urgentes. Ele também é acusado de usar verbas do extinto orçamento secreto para asfaltar uma estrada que passa por uma fazenda de sua família, no interior do Maranhão, além de omitir dados de seu patrimônio na Justiça Eleitoral.

O presidente da República teria se incomodado com o silêncio do ministro logo após a revelação das primeiras reportagens. Nos bastidores, governistas demonstraram preocupação com o precedente que poderia ser gerado ao se demitir ou se afastar um ministro com tão pouco tempo de governo. Lula foi então aconselhado a ouvir as explicações de Juscelino sobre o uso de diárias do governo para cumprir compromissos pessoais antes de tomar qualquer decisão.

Pelo Twitter, Juscelino Filho afirmou que a reunião foi muito positiva e que esclareceu as acusações que ele considera como “infundadas”. Segundo o ministro, o encontro ainda serviu para falar sobre a expansão do 5G, conectividade em escolas e ações do Norte e do Nordeste Conectado. O ministro confirmou ainda que Lula aceitou o convite para inaugurar a Infovia 01, entre as cidades de Manaus e Santarém, ampliando o acesso à internet na Região Amazônica. O evento está programado para ocorrer no próximo mês.

Quem defendeu publicamente o afastamento e ajudou a esquentar a questão foi a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. No fim de semana, líderes do União Brasil na Câmara e no Senado repudiaram as declarações dela e afirmaram que a petista utilizava dois pesos e duas medidas para tratar assuntos da vida pública. Na mesma nota, Elmar Nascimento (União-BA) e Efraim Filho (União-PB) afirmaram que “quando atitudes dos seus aliados são contestadas — e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do país — a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos”.

O União Brasil está em processo de formar uma federação com o partido do presidente da Câmara, Arthur Lira, o Progressistas. A sigla não tem dado sinais do apoio que o Palácio do Planalto gostaria da base no Congresso e, apesar de ter três ministérios, adota tom de independência.

ISABEL MEGA – Repórter do Poder Executivo

Jota

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