Sem o esforço do professor, prejuízo seria maior

Por Celso Napolitano*

Reprodução/Agência Sindical

Nesses tempos de pandemia ficou caracterizada a importância do papel do professor em relação à educação e aos próprios jovens alunos e alunas, que são os atores desse processo da relação de ensino e aprendizagem. O planejamento tinha sido feito em termos presenciais. Aliás, não havia outra possibilidade de fazer educação sem ser presencialmente, tudo estava baseado na interação professor e professora-aluno e aluna.

E aí teve que se reinventar, replanejar, adaptar todo o planejamento, transformar a sua casa em estúdio, interagir com os alunos pelo computador, pelo celular, iPad, pela rede, interagir remotamente e fazer com que aquela aula, aquele conteúdo, aquele ensinamento fossem assimilados.

Houve dificuldade em se adaptar ao remoto, e o professor teve que se virar, aprender muito, teve que investir seu tempo para trabalhar no remoto. Se não fosse o professor ou a professora, o prejuízo pedagógico que já foi relativamente grande, seria muito pior, muito maior, e a defasagem do aluno e da aluna seria muito mais grave. Isso ocorreu tanto no ensino básico quanto no superior.

Do corpo docente da educação básica, 80% é composto por pessoas do gênero feminino, e geralmente são elas que conduzem seu próprio lar, organizam as questões para os filhos ou para os companheiros ou as companheiras, ou até para as pessoas de mais idade. Não é pequeno o número de professoras ou trabalhadoras no geral que também se responsabilizam pelos cuidados com os idosos, por cuidar dos pais, das mães dos tios, das tias, de faixa etária mais elevada.

Professor, pandemia e os obstáculos – Outro aspecto a ser considerado nessa nova fase do educador e educadora, refere-se às “invasões” das aulas pela família. Foi-se obrigado a ver a participação de pais e mães, que davam palpites na aula do professor.

Não são raros os casos de professores e professoras que sofreram nesse período, inclusive no aspecto de saúde. Muita gente foi acometida pela síndrome de burnout. As dificuldades tiveram que ser superadas na medida em que havia uma pandemia rolando.

Temos de programar um horário na própria jornada do professor para que ele possa ser treinado, se adaptar ao novo contexto e trocar experiências com seus colegas e as suas colegas e então ver em que condições se dará o ensino daqui para frente.

Não voltaremos mais ao 12 de março de 2020. A relação de ensino e aprendizagem não mais será daquele modo. A tecnologia está incorporada à aula do professor ou professora, guardando espaço para essa interação presencial que é imprescindível para a socialização dos jovens, inclusive na universidade para a produção de conhecimento. Os próprios pesquisadores têm que interagir com os seus colegas para produzir conhecimento, fazendo esse confronto ou essa complementação de ideias, porém com a utilização da tecnologia.

*Celso Napolitano é presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo.

Agência Sindical

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