Gasolina e diesel sobem mais 5%; “Tapa na cara do brasileiro”, avalia diretora da FUP

Bolsonaro anuncia mudança no comando da Petrobras, mas ainda não há definições sobre a política de preços da empresa

A Petrobras autorizou nesta segunda-feira (1º) novo reajuste de 5% nos preços da gasolina e do diesel que saem das refinarias. A gasolina tem alta acumulada de 41,5% somente em 2021. No diesel, o aumento chega a 34,1% neste ano. É o primeiro aumento após o presidente Bolsonaro anunciar a troca no comando da estatal. Contudo, o atual presidente Roberto Castello Branco permanece à frente da empresa até o dia 20. A partir daí, o posto será ocupado pelo general Joaquim Silva e Luna.

A mudança ocorre no momento em que se acumulam as insatisfações por conta do aumento dos preços dos combustíveis. Por outro lado, o mercado financeiro pressiona para que não haja mudança na política de preços atrelada ao mercado internacional.

De acordo com a diretora da Frente Única dos Petroleiros (FUP-CUT) Cibele Vieira, resta saber se a troca de comando da Petrobras vai representar, de fato, uma mudança. Ou será apenas “para inglês ver”. A questão, segundo ela, é que a estatal vive uma “esquizofrenia” entre atender os anseios da população por combustíveis mais acessíveis e a ânsia do mercado financeiro por lucros no curto prazo.

“É um tapa na cara da população brasileira. A Petrobras apresentou lucro recorde no último trimestre do ano passado. Como que uma empresa estatal, em meio à pandemia, tem lucro recorde? E ainda alegam que se baixarem os preços, teriam dificuldades em caixa”, protestou Cibele, em entrevista ao programa Revista Brasil TVT.

Desmonte

Em meio às tensões entre os interesses dos consumidores e dos acionistas, a empresa pretende ainda privatizar sete refinarias nos próximos meses. Em fevereiro, a Petrobras anunciou a venda da refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, adquirida pela Mubadala Capital, fundo de investimentos de Abhu Dhabi, por US$ 1,65 bilhão.

Para Cibele, é mais um sinal de que a Petrobras caminha no sentido contrário da tendência do mercado de petróleo e gás. Cada vez mais, as empresas buscam uma gestão integrada, combinando exploração, refino e distribuição. Enquanto isso, a estatal brasileira, que é exemplo dessa integração, vem fatiando seus ativos.

Além disso, o risco é que as empresas privadas que adquirirem o parque de refino, de acordo com as oscilações do dólar, decidam exportar a produção, desabastecendo o mercado interno. Ela comparou com a elevação do preço do arroz, justamente por conta da decisão de privilegiar o mercado externo.

A saída, segundo ela, era aproveitar a baixa da Petrobras no mercado de ações e voltar a fechar o capital da empresa, tornando-a, novamente, 100% pública. Se não isso, o governo deveria, ao menos, retirar a empresa da Bolsa de Valores de Nova York, aponta.

Brasil de Fato

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